quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Forças Mecânicas - Processo Cicatricial de Incisões Cirúrgicas

Forças Mecânicas – Processo Cicatricial de Incisões Cirúrgicas

As bordas da ferida e as lesões teciduais causadas pela incisão cirúrgica tem relação direta com as forças de tensão intrínsecas e extrínsecas.

As forças mecânicas são forças aplicadas na região durante o processo de cicatrização (pressão, estiramento, amplitude, deslocamento, duração, força, tempo e frequência de estímulo), e que podem ajudar ou atrapalhar o processo de cicatrização, dependendo de como for realizada.


Quando se fala em forças mecânicas que atuam nos tecidos cicatriciais da incisão cirúrgica, é preciso entender as linhas de Langer (que será explicada em outro artigo), e também os 2 vetores relacionados com essas forças, sendo um perpendicular à linha de tensão da pele (linhas de Langer, que é o vetor da incisão cirúrgica), e o outro sendo paralelo à linha da pele (que é um vetor no subcutâneo, onde é feito todo o descolamento tecidual).


Esses 2 vetores (perpendicular e paralelo) são considerados os “bordos da lesão”, que constituem as áreas lesadas e que formarão um novo tecido cicatricial.
É preciso que o profissional conheça os 2 vetores, pois as abordagens terapêuticas são feitas de formas distintas.

As tensões mecânicas aplicadas corretamente no tecido em processo de cicatrização promovem uma organização dos feixes de colágeno cicatricial de forma mais natural, com mais elasticidade, assegurando um remodelamento adequado, prevenindo e controlando a formação de contraturas.

No 1º vetor, o da incisão cirúrgica, precisa-se que o tecido tenha força tênsil para manter as bordas da ferida unidas, oferecendo uma melhor cicatrização e resultado estético.
No 2º vetor, que é subcutâneo, precisa-se dar flexibilidade para que a pele deslize normalmente sobre os músculos.

Se o estímulo dado ao tecido for excessivo, teremos dificuldades na cicatrização com risco de deiscências e possíveis alterações cicatriciais, podendo se tornar alargada, com poucos componentes da matriz extracelular (ME), principalmente o colágeno e elastina, ou uma cicatriz hipertrófica ou queloideana, por uma produção excessiva dos componentes da matriz extracelular.

As abordagens terapêuticas realizadas por profissionais que desconhecem as forças mecânicas podem agravar o processo de cicatrização do paciente.
É necessário que se aplique uma carga de tensão mecânica adequada para cada paciente, (para cada tecido em processo de cicatrização), afim de promover o alinhamento do colágeno cicatricial. O contrário disso pode levar a déficits funcionais, gerando limitações na amplitude de movimento do paciente devido à formação de contraturas com excesso e desorganização do tecido cicatricial.

Jamais deve ser feito estímulos provocando o afastamento das bordas da ferida, pois durante as fases iniciais do reparo tecidual, podemos provocar a deiscência da incisão, com a abertura de pontos cirúrgicos. Caso o afastamento dos bordos da lesão ocorra em períodos mais tardios, esses estímulos agressivos ao tecido ativarão a síntese de colágeno, com a produção de mais matriz extracelular (ME) devido aos microtraumas, levando a formação de cicatrizes inestéticas.




É necessário que a abordagem terapêutica no pós-operatório (P.O.) seja adequada ao ambiente mecânico adjacente aos bordos da lesão, sem excessos de estímulos, para uma formação equilibrada e organizada de tecido cicatricial.

A mecanotransdução é um princípio que converte as forças mecânicas aplicadas no tecido em sinais bioquímicos, que irão determinar a composição celular do tecido cicatricial, respondendo com a forma que será feita essa cicatrização.

Os miofibroblastos, são células fundamentais que participam da formação de um novo tecido. Eles podem ser produzidos em maior ou menor quantidade, de acordo com as variações morfológicas, estruturais e de defesa do organismo, devido as forças aplicadas no tecido.



Em condições normais de cicatrização, são produzidos miofibroblastos o suficiente para cumprir o seu papel no reparo cicatricial, e em seguida, costumam desaparecer por apoptose (morte celular programada – um tipo de autodestruição, sendo eliminado após sua atuação).



Nenhum comentário:

Postar um comentário