quarta-feira, 28 de junho de 2017

Abdominoplastia




CONSTITUIÇÃO DO ABDÔMEN:


A parede do abdômen é constituída de uma série de camadas que envolvem e protegem os elementos que estão no interior da cavidade abdominal.

Se forem analisadas essas camadas, observaremos, abaixo da pele, uma grossa camada, chamada de tecido subcutâneo, que é constituída fundamentalmente de tecido gorduroso. Mais profundamente, encontramos três capas superpostas de tecido muscular. Esses músculos formam a parede muscular que permite o esforço de contração abdominal com compressão das estruturas profundas viscerais. No momento em que realizamos um determinado esforço, por exemplo, o esforço da defecação, esses músculos se contraem e comprimem estruturas profundas, desencadeando uma determinada ação.



De todas as regiões do organismo, a parede abdominal é, provavelmente, uma das que mais frequentemente acumula gordura, a qual se deposita no subcutâneo. Quando esse acúmulo de gordura é localizado, passa a ser chamado de lipodistrofia. Nos casos mais acentuados, o abdome inferior apresenta um aspecto ptosado, recebendo a denominação de “abdômen em pêndulo ou avental”.


A parede abdominal é sujeita à alterações estético-funcionais importantes em determinadas fases do ciclo de vida de alguns indivíduos.


Em mulheres e homens, a flacidez músculo-aponeurótica, com ou sem diástase dos músculos retos abdominais, é decorrente de alterações tróficas das fibras musculares por estiramento de diferentes tipos, causados geralmente como consequência das variações de peso, sedentarismo, alimentação inadequada, hormônios, grande emagrecimento após cirurgia bariátrica, etc.


Nas mulheres, a diástase ocorre também durante a gestação, pela presença do feto, que se desenvolve de maneira bastante volumosa no interior da cavidade uterina, ocorrendo um aumento importante de toda a cavidade, e fazendo com que ocorra um aumento do diâmetro abdominal pela báscula e flacidez dos músculos da bacia, dos músculos reto-abdominais e oblíquos, associados às alterações da elasticidade da pele. Contribuem também para este problema, os hormônios da gestação que causam o relaxamento muscular, um bebê muito grande e excesso de líquido amniótico.



Exatamente na linha média do abdome, existe uma linha vertical que passa pela cicatriz umbilical onde os grupamentos musculares do lado direito e do lado esquerdo fundem-se. Quando ocorre o aumento intra-abdominal gestacional, esta linha pode sofrer um processo de afastamento (diástase abdominal).


O músculo reto abdominal funciona como duas longas cintas que sustentam a região anterior do abdômen, desde o processo xifoide (parte de baixo do osso do peito) até o osso púbico (parte do meio da bacia). Quando os dois músculos se distanciam, a parte entre eles fica sem sustentação e acaba abaulando a região.
Esse “afastamento” da musculatura faz com que, na linha média, possam aparecer hérnias, ou comprometer a estabilidade corporal e a mobilidade, contribuindo para o aparecimento de dor nas costas, comprometendo a postura, além de problemas estéticos devido ao incômodo da flacidez muscular e de pele.

Hérnias são zonas de fragilidade da parede muscular que permitem a saída de vísceras (porções de intestino) de dentro da cavidade para o exterior. Essas hérnias podem tornar-se mais ou menos volumosas, dependendo do grau de pressão intra-abdominal e do grau de alteração da parede muscular. Essas modificações internas manifestam-se na porção externa da parede abdominal com alterações mais ou menos volumosas. Sabe-se que mulheres que têm gestações sucessivas apresentam mais facilidade para o aparecimento desse quadro.



Hérnia visível com contração abdominal

Exemplo de Cirurgia de 1 dos Tipos de Hérnia: Hérnia Inguinal

Mulheres que não fazem exercícios físicos e, assim, não têm o abdômen trabalhado, desenvolvem mais chances de apresentar a diástase.

Além do exame físico realizado pelo seu médico, o ultrassom e a tomografia são exames que comprovam e medem com mais detalhes o local e extensão da diástase. Após constatada a diástase, que pode ser classificada em diferentes tipos, é feita a cirurgia de abdominoplastia para a aproximação dos músculos, sendo eles fixados pela aponeurose (uma pele grossa que recobre a musculatura abdominal como se fosse uma cinta). 


AUTO-EXAME:




Vídeo demostrativo de Diástase


Mensuração da diástase subra-umbilical dos músculos retos abdominais com o 
auxílio do paquímetro

Como pode ser visto nas imagens abaixo, existem diferentes tipos de diástase:

              Normal                                  Diástase              Plicatura da Aponeurose na Diástase 


1- Músculo normal: Lipodistrofia abdominal sem flacidez de pele; ausência de diástase ou hérnia; cicatriz umbilical em posição anatômica normal.

2 - Afastamento em toda Linha Média: muito comum pós gestação, a barriga fica mais saliente na região central; Lipodistrofia abdominal infra-umbilical com flacidez cutânea discreta; presença ou ausência de diástase; cicatriz umbilical em posição anatômica normal.


3 – Infra-Umbilical: saliência abaixo do umbigo, a conhecida "pochete"; Lipodistrofia abdominal generalizada, com flacidez cutânea moderada; presença ou ausência de diástase.
3A – Cicatriz umbilical em posição anatômica normal;
3B - Cicatriz umbilical em posição anatômica excessivamente elevada.

4 – Supra-Umbilical: saliência na parte superior do umbigo, o conhecido “estômago alto"; Lipodistrofia abdominal acompanhada de acentuada flacidez cutânea. Presença de diástase muscular. Cicatriz umbilical em posição anatômica normal.

5 - Diastase Global: afastamento das porções musculares no sentido horizontal e vertical, mais comum em pacientes ex-obesos que perderam muito peso e ex-grávidas de 2 ou mais gestações. Acentuada flacidez cutânea abdominal, com ou sem lipodistrofia. Presença de cicatriz na linha média do abdome. Cicatriz umbilical em posição anatômica normal ou alterada.


6 – Diástase Tipo 0: acentuada distrofia e flacidez abdominais, sendo a correção cirúrgica feita com muita cautela por risco de problemas clínicos. Os pacientes deste grupo devem submeter-se a uma rigorosa terapia clínica de emagrecimento, muitas vezes necessitando de terapia multidisciplinar antes da cirurgia.

A cirurgia de abdominoplastia pode ser sub-dividida em várias técnicas:

-- Mini abdominoplastia sem descolamento do umbigo,
-- Mini abdominoplastia com descolamento do umbigo,
-- Abdominoplastia clássica,
-- Abdominoplastia em âncora ou flor de lis
-- Abdominoplastia reversa
-- Lipoabdominoplastia.

Mini-Abdominoplastia Sem Descolamento do Umbigo:
Esta cirurgia trata somente a porção inferior do umbigo, não havendo necessidade de reposicioná-lo.
Mini-Abdominoplastia Com Descolamento do Umbigo:
Esta cirurgia trata somente a porção inferior do umbigo. Retira-se um fuso de pele e tecido abdominal inferior e descola-se o umbigo da musculatura; este umbigo é suturado dois a três centímetros abaixo da sua posição original.


Abdominoplastia clássica:
Trabalha-se todo o abdome anterior com um descolamento amplo até a costela; retira-se um fuso grande de tecido abdominal inferior e confecciona-se um novo orifício para o umbigo. Esta técnica é uma das mais utilizadas e bem aceita pelos pacientes. Ela deixa apenas uma cicatriz no baixo ventre, sendo que roupas íntimas e de banho a cobrem por completo.



Abdominoplastia em Âncora ou Flor de Lís:
É a técnica cirúrgica mais utilizada em pacientes após perda ponderal expressiva ou que realizaram a cirurgia bariátrica com o corte acima do umbigo (técnica aberta). Esta técnica permite maior retirada do tecido excedente e proporciona melhor contorno corporal, principalmente na cintura. A única desvantagem é que deixa uma cicatriz visível no meio do abdome.



Abdominoplastia Reversa ou Invertida:
É a técnica na qual a abordagem cirúrgica é feita diretamente na porção superior abdominal, a partir de incisões na região inframamária, sendo a tração e a ressecção do excedente da pele feita superiormente e com a cicatriz resultante posicionada no sulco sub-mamário.


Abdominoplastia com Descolamentos Mínimos e Lipoabdominoplastia:
Nessas 2 técnicas cirúrgicas, procede-se a lipoaspiração do retalho abdominal procurando liberá-lo da musculatura sem lesão dos vasos perfurantes; há tratamento dos excessos cutâneos inferiores e confecção de um novo orifício umbilical.


Como também se trata de cirurgia de contorno, a abdominoplastia é muitas vezes de lipoaspiração de flancos (porção lateral do abdômen), dorso ou outras áreas de 
necessidade para a harmonia deste segmento corporal.

A cirurgia plástica do abdome não deve ser considerada como um tratamento de emagrecimento, afinal, a cirurgia só corrige a região abdominal.
Consideramos que o importante nestas cirurgias não é o que se retira, mas sim a manutenção das proporções do corpo e da harmonia como um todo, após estas ressecções.

TÉCNICA CIRÚRGICA



 A  marcação dermográfica é feita com uma linha média vertical do abdome. Fixa um fio longo a nível do processo xifóide e outro a nível da sínfise púbica, que servirão para orientar uma marcação simétrica.

As cristas-ilíacas ântero-superiores são marcadas, assim como a marcação no umbigo, contornando a cicatriz umbilical em círculo ou losango.
Uma linha horizontal é traçada acima dos pêlos pubianos seguindo uma prega abdominal, curvando-se paralelamente às pregas inguinais até um ponto pouco abaixo das cristas ilíacas, de modo que, após a sutura, a cicatriz acompanhe os limites do traje de banho.

Depois de anestesiado, geralmente com anestesia geral ou peridural com sedação, e com os cuidados de assepsia e campos esterilizados, inicia a cirurgia pela lipoaspiração das áreas marcadas, fora da área a ser descolada.

Em seguida, a incisão da pele é feita em toda extensão da marcação, expondo os tecidos em camadas até alcançar a aponeurose.
O descolamento é realizado até a cicatriz umbilical, que é circundada deixando uma ilha sobre a aponeurose.
Prossegue o descolamento até alcançar os rebordos costais, flancos e apêndice xifóide, garantindo uma completa hemostasia.
Os bordos mediais das aponeuroses  dos retos abdominais são delimitados com azul de metileno e a plicatura é feita com pontos em “X” desde o apêndice xifóide até a região supra-púbica.




O pedículo da cicatriz umbilical é fixada com pontos à aponeurose, de modo que o nível da cicatriz umbilical situe-se na altura suficiente para tracionar a pele do retalho para baixo demarcando o excesso do retalho a ser retirado e desenhando uma futura linha da incisão.
Após retirada do retalho, é feita o posicionamento delimitando o novo sítio para a localização da cicatriz umbilical.
Retira-se um cone de tecido adiposo no local de passagem da cicatriz, que é exteriorizada e suturada no retalho abdominal.
Prossegue-se para a sutura das bordas da incisão a nível subdérmico com pontos isolados e intradérmico de forma contínua (plano adiposo e dérmico).
Coloca-se drenos de sucção contínua abaixo do retalho seguindo para o curativo protetor.









Existem diversas técnicas muito utilizadas pelos cirurgiões como pontos de adesão.
Os pontos de adesão previnem e reduzem a formação de hematoma, seroma (muitas vezes, não sendo necessária a utilização de dreno devido o maior colabamento do músculo com retalho dermoadiposo e, consequentemente, menor espaço morto), permitem ainda menor tensão na cicatriz e menores riscos de complicações cicatriciais.

Pontos de Baroudi

A cirurgia segue normalmente como a técnica tradicional, e após a dissecção e ressecção dos excessos cutâneos, é realizada a plicatura dos músculos retos abdominais e posteriormente o reposicionamento do retalho dermoadiposo através da aplicação de pontos isolados de adesão em linhas e colunas a partir do limite superior da dissecção junto ao processo xifóide. Os pontos são feitos no máximo a cada 5 cm em um total de 30 a 40 pontos, em média. O uso dos pontos de Baroudi reduz as complicações locais devido a distribuição de tensão e transferência à fáscia superficial do retalho, diminuindo a possibilidade de necrose e alargamento das cicatrizes ou descolamentos no monte pubiano.


Pontos de Adesão

Muito semelhante aos pontos de Baroudi.
A distância máxima entre os pontos de adesão são de 4 cm, descendo até a sutura das bordas da incisão.
A cada linha de sutura, manobras para avaliação do adequado posicionamento do retalho são realizadas, até a junção com a borda inferior da incisão cutânea. Esses pontos diminuem a possibilidade de verticalização da cicatriz.



Cola Cirúrgica de Fibrina

Como tática de prevenção de seroma, a cola de fibrina também vem sendo muito utilizada, porém, alguns estudos mostram que os pontos de adesão obtém menos complicações. A cola possui 2 ativos que, quando combinados na aplicação, rapidamente formam uma camada de 1 cm de um coágulo de fibrina em toda superfície cruenta da camada mioaponeurótica , auxiliando no fechamento do local lesionado. Sua aplicação reduz o sangramento operatório e pós-operatório.


A abdominoplastia é um procedimento efetivo e específico para a melhoria do contorno corporal. As técnicas têm sido aprimoradas pela associação da dissecção limitada do retalho cutâneo, dos pontos de adesão e da lipoaspiração no mesmo ato operatório, evitando-se ainda a deiscência de sutura, complicações como necroses de pele, hematoma e seroma.

A cirurgia não impede que mulheres venham a ficar grávidas, no entanto, devem estar cientes que podem perder o resultado da cirurgia.
Normalmente a cirurgia dura em torno de 3 a 5 horas. Lembre-se que o tempo total de permanência no bloco cirúrgico é maior que o tempo real da cirurgia pois o preparo e a recuperação pós-operatória contribuem para este aumento.

Faz parte do Protocolo de Prevenção de Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo Pulmonar a utilização de meias elásticas ou enfaixamento de membros inferiores, mais a utilização de um aparelho (Manguito Pneumático de Compressão Intermitente de Membros Inferiores), durante todo o procedimento cirúrgico e muitas vezes na 1ª noite de P.O. ainda no hospital. Desta forma, diminui-se a possibilidade de estase ou parada de circulação nas veias das pernas, um dos fatores responsáveis pela formação de trombos.
A paciente deverá permanecer internada no hospital por 1 ou 2 dias, ou por períodos diferentes, de acordo com a avaliação médica de cada caso.

AS CICATRIZES

Podem ser de tamanhos variáveis de acordo com a quantidade e localização do excesso de tecido a ser removido.
Elas se caracterizam por uma linha arqueada, sendo baixa na região pubiana e elevando-se em direção lateral da crista ilíaca. O prolongamento lateral da cicatriz é tanto maior quanto maior for a “sobra” de pele.

A marcação das incisões (futuras cicatrizes) obedecem o padrão do tipo de calcinha ou biquíni utilizado normalmente pela paciente e da posição da cicatriz de cesariana prévia (se existente).

No entanto, apesar de ser planejada de forma a ficar “escondida”, a posição final da cicatriz pode subir um pouco, podendo “aparecer” logo acima da calcinha ou biquíni utilizado para esta marcação. A posição final da cicatriz é, na verdade, a resultante da força de tração do retalho abdominal para cima versus a resistência a tração do tecido supra-púbico (região pubiana).
Como a força de tração superior do retalho abdominal costuma ser superior, ao final da cirurgia, é muito comum a subida desta cicatriz. Não é raro, após a cirurgia, a paciente ter que se adaptar as suas vestes íntimas às novas cicatrizes.

Porém, com o avanço das técnicas cirúrgicas, oferecendo melhores resultados, pode-se evitar a migração vertical da cicatriz através desses pontos de fixação (semelhantes com os pontos de adesão de Baroudi).



Esta força de tração pode elevar também a vulva, expondo mais o clitóris e os pequenos lábios vaginais. Quanto a esta maior exposição, há relatos de um aumento na gratificação sexual, mas sem comprovação científica.

Havendo a necessidade da confecção de um novo orifício para o umbigo, uma pequena cicatriz é colocada ao redor do mesmo, mas de forma a escondê-la na depressão umbilical, tanto quanto possível. Esta manobra não é necessária nas miniabdominoplastias.

Até o 45º dia, a cicatriz apresenta bom aspecto, podendo ocorrer discreta reação aos pontos. Do 45º dia ao 12º mês, poderá haver um espessamento natural da cicatriz com mudança na sua tonalidade, podendo passar do vermelho ou marrom, para em seguida começar a clarear.
É o período que mais preocupa as pacientes, todavia sendo temporário e variando de pessoa para pessoa.
A partir daí, a cicatriz tende a ficar cada vez mais clara e menos espessa, atingindo seu aspecto definitivo. Portanto, qualquer avaliação definitiva de uma cirurgia deste tipo, deverá ser feita após um período de 9 a 12 meses.

Cicatrizes infra-umbilicais pré-existentes (cesariana ou de apêndice), quando possível, são ressecadas durante a cirurgia. As que se localizam acima do umbigo, assim como estrias nesta localização, permanecerão.
Grande parte das estrias serão removidas juntamente com o retalho, mas dependendo da sua cobertura de área no abdome, não é possível que remova completamente.

O comportamento de cada cicatriz é imprevisível. Isto porque cada organismo reage de uma forma diferente, mesmo se já possui um histórico de “boa cicatrização”. Portanto, alterações como quelóides, hipertrofia, alargamento, depressão, retração, escurecimento e clareamento, podem ocorrer, independente de já conter uma cicatriz “boa”.
Este comportamento imprevisível cicatricial se deve, na maioria das vezes, a fatores relacionados com a predisposição genética do indivíduo, as características da pele (elasticidade, tônus, turgor) e aos cuidados pós- operatórios.

PARTICULARIDADES

Há situações em que as pacientes apresentam a região supra-umbilical (“estômago alto”) abaulada. Este fenômeno se deve não só a um aumento da espessura do tecido gorduroso, como também a uma projeção anterior da musculatura (flacidez e hipotonia muscular superior).
Uma lipoaspiração pode reduzir um pouco a espessura ou relevo desta região mas não há meios de se limitar esta projeção anterior da musculatura.
Mesmo uma combinação de técnicas (lipoaspiração, plicatura da musculatura e abdominoplastia clássica) não conseguem restaurar o tônus ou firmeza muscular. Este tipo de caso será detalhadamente discutido e planejado de forma particular com o cirurgião.

Também, nos grandes obesos que perderam muito peso ou que foram submetidos a cirurgias de emagrecimento, podem ter particularidades que necessitem a alteração nos planos cirúrgicos com mudanças nos traçados cicatriciais. Sempre quando se associa a lipoaspiração à técnica de abdominoplastia, independente dos fatores de risco associados, há uma tendência em não se lipoaspirar demasiadamente o retalho abdominal.
Este cuidado diminui a incidência de complicações no pós-operatório na medida em que preserva a integridade dos vasos sanguíneos principais, responsáveis pela vascularização do retalho abdominal.

A presença de hérnias da parede abdominal diagnosticadas no pré-operatório pode interferir na técnica e no tipo de reparo inicialmente proposto. Tudo será esclarecido quando houver estas indicações.

PRÉ-OPERATÓRIO

 Na primeira consulta serão questionados todos os dados sobre a sua saúde como doenças prévias ou em tratamento, uso de medicamentos, tabagismo, alergias medicamentosas e/ou alimentares, cirurgias prévias, número de gestações, se teve parto natural ou cesariana, presença de estrias e cicatrizes abdominais, etc.
Além dos exames de rotina habituais é solicitado um exame ultrassonográfico da parede abdominal (pesquisa de hérnias) e ultrassonografia da cavidade abdominal (pesquisa de patologias concorrentes como colelitíase, urolitíase, etc.). Também uma avaliação clínico-cardiológica (risco cirúrgico) será recomendada.
Se submetido a cirurgia de redução do estômago, alguns exames específicos podem ser solicitados quanto a função hepática (fígado), função renal, quantidade de proteínas sérica, eletrólitos, etc

*Fumo

Para cirurgia de abdominoplastia há a real necessidade de suspender o hábito de fumar pelo menos 30 dias antes da operação. É sabido que o fumo prejudica a circulação cutânea e dificulta a cicatrização, levando até mesmo a necrose (morte) de pele. Em casos de necessidade, associa-se vitamina C e vasodilatadores durante e após a cirurgia. Isto será orientado pelo seu médico.

*Cuidados Pré-operatórios

-- Os cuidados são basicamente os mesmos de qualquer cirurgia: Não usar, por 10 dias antes, medicamentos à base de AAS (Melhoral, Aspirina, Doril, Coristina, Superist, Sonrisal, Sal de Frutas, Buferin, etc.), Ginko Biloba, corticóides de uso prolongado, medicamentos para emagrecer, antidepressivos, anticoncepcionais orais, entre outros.
-- Abstinência do fumo por 30 dias antes da operação.
-- O jejum será de acordo com a recomendação médica (10 horas antes da cirurgia). -- Comunicar ao médico qualquer anormalidade ou uso recente de medicamentos, alergias medicamentosas ou alimentares e alguma outra recomendação que venha a ser pertinente.
-- Depilar os pelos pubianos
-- É rotina o paciente fazer uso de medicação anticoagulante injetável 12 horas antes do procedimento cirúrgico, ou seja, no dia anterior a operação. Esta medicação deve ser levada com a paciente no dia da cirurgia.
-- Faz parte do Protocolo de Prevenção do Tromboembolismo Pulmonar e Trombose Venosa Profunda a utilização do anticoagulante injetável também no pós-operatório, até completarem-se 06 (seis) doses).
-- Acordar de jejum no dia da cirurgia, tomar banho completo e chegar ao Hospital 1 hora antes do procedimento com acompanhante levando consigo todos os exames e Termo de Autorização para cirurgia.
-- Levar consigo um par de meias de média compressão 7/8 e seu kit cirúrgico (modeladores e espuma).

PÓS-OPERATÓRIO

1)Controle da dor: O pós-operatório da abdominoplastia apresenta um quadro de dor variável de paciente para paciente. A grande maioria das vezes não há dor pós-operatória e os analgésicos fracos (Dipirona) conseguem controlar bem este sintoma. Para os casos em que há uma dor aumentada, utilizamos analgésicos mais fortes (Codeína + Paracetamol). Na grande maioria das vezes é suficiente. Independente da técnica empregada, a dor tende a melhorar muito após o terceiro dia de pós-operatório.

2) Postura: Na postura deitada de barriga para cima (decúbito dorsal), deve-se apoiar com três travesseiros a região posterior das costas, deixando a cabeceira elevada a 30 graus. A posição dos joelhos deve ser dobrada com pernas ligeiramente elevadas por três travesseiros (posição de canivete). Não deitar de barriga para baixo por 30 dias. Se for deitar de lado, tomar cuidado para manter os joelhos dobrados e as pernas flexionadas. Na postura em pé, parada ou andando, inclinar o tronco para frente em torno de 15°. O tempo total para estas orientações é de apenas 10 dias. Caminhadas longas e esteira após 30 dias. Se for correr, somente após 60 dias.
Durante as primeiras semanas de pós-operatório, o paciente não deve realizar esforços físicos, pois existe o risco de abertura das suturas realizadas na musculatura. Depois desse tempo, gradualmente, o paciente vai voltando à sua vida normal, e os esforços podem tornar a fazer parte da sua rotina.

3) Curativos: Independente do tipo de cirurgia o banho deve ser tomado no dia seguinte. Pode molhar os curativos durante o banho do corpo. Depois que os curativos estiverem bem úmidos, devem ser retirados cuidadosamente. Lavar as cicatrizes com um sabonete antisséptico, como o Soapex líquido (não utilizá-lo no restante do corpo). Retirar o sabão com água corrente e secá-las com uma toalha seca e secador de cabelo em temperatura fria com 15 cm de distância. Uma vez que utilizar apenas o Micropore, este deve ser trocado de 2/2 dias. Numa evolução normal o único curativo que deve ser feito todos os dias é o do umbigo. Eventualmente pode ser necessária a utilização de uma gazinha seca dobrada sobre o orifício dos drenos pois ocorre a saída de uma secreção soro sanguínea até 7 dias após a cirurgia.

4) Retirada dos drenos: A retirada dos drenos pode ocorrer no dia da alta hospitalar ou até 4 dias após a cirurgia. O momento ideal depende da quantidade (volume) de drenagem. Orientações quanto a manipulação, medição e de desprezo do volume de drenagem são passadas no momento da alta hospitalar.

5) Uso do modelador abdominal e da espuma: O modelador abdominal (cinta) mais a espuma devem ser utilizados continuamente por 30 dias, só sendo retirados durante o banho. Nos 30 dias seguintes, o modelador e a espuma devem ser utilizados somente no período noturno.

6) Retornos e retirada de Pontos: Os retornos para a retirada de pontos e avaliação pós-operatória são feitos de acordo com a evolução pós cirúrgica. Retornos adicionais serão comunicados pelo cirurgião e devem ser seguidos para uma completa recuperação e avaliação dos resultados. Numa evolução normal os pontos são retirados entre 15 e 21 dias.

7) O Tratamento Fisioterapêutico: A Fisioterapia Dermatofuncional tem sido amplamente recomendada pelos cirurgiões plásticos como forma de procedimento de tratamento para as cirurgias plásticas, especialmente nos casos de abdominoplastias associadas à lipoaspiração.
O tratamento fisioterapêutico no pós-cirúrgico possibilita: melhora significativa na textura da pele, tratamento e eliminação de fibroses, redução do edema, minimização de possíveis aderências teciduais, bem como maior rapidez na recuperação das áreas com hipoestesias, ou seja, não só possibilita uma redução das prováveis complicações, como também retorna o paciente mais rapidamente ao exercício das suas atividades de vida diária.

Outras orientações:
- O banho deve ser tomado no dia seguinte à cirurgia. Caso ainda esteja com o dreno, lembrar de fechá-lo adequadamente até o seu término e reabrí-lo depois.
- É desejável pequenas caminhadas dentro do domicílio já no dia seguinte à cirurgia. Não permanecer deitada durante todo dia (evitar a trombose.
- Recomenda-se a realização de drenagem linfática com início entre o terceiro e quinto dia de pós-operatório de 2 a 3 vezes por semana até alta da fisioterapeuta.
- A paciente jamais deverá fazer compressas quentes na área operada, para melhorar o inchaço. A pele ainda estará sensível e poderá ocorrer queimaduras.
- Tratamentos de eletroterapia, coadjuvantes no pós-operatório são recomendados somente após 3 meses de pós operatório.
- Não dirigir por um período mínimo de 3 semanas;
- Não carregar peso por 30 dias; se houve reparo de hérnias associadas, este período prolonga-se por 60 dias de pós-operatório.
- Após 2 meses poderá retornar a suas atividades físicas habituais como ginástica geral, abdominal e natação. Elas irão ajudar na conservação dos resultados.
- Exposição ao sol com o filtro solar FPS 30 (mínimo) somente após 30 dias.
- Vida sexual, com moderação estará liberada após 30 dias de cirurgia;
- Pode trabalhar no computador, digitar, ler livros, escrever, etc., três dias após a cirurgia.

INTERCORRÊNCIAS

Lembramos que nenhum procedimento cirúrgico é isento de riscos. Eles são, de uma maneira geral controláveis.
São exemplos de intercorrências comuns: equimoses (manchas roxas na pele), edema (inchaço), pequenos hematomas que podem drenar espontaneamente ou necessitar drenagem cirúrgica, eliminação de pontos internos (até 3 meses), deiscência de pontos (abertura do corte), seroma (coleção de líquidos que se formam pelo grande descolamento tecidual), alterações passageiras ou definitivas de sensibilidade (melhoram após vários meses), etc.
Outras intercorrências indesejáveis e mais complexas, que felizmente são raras são: infecção, grande deiscência (abertura) de pontos, necrose (morte) parcial ou total da pele próximo à cicatriz, grandes hematomas que precisam ser drenados, seroma encapsulado, alterações cicatriciais (cicatriz hipertrófica, quelóide, hiper ou hipocromias, alargamento, estenose da cicatriz do umbigo), irregularidades da superfície e as intercorrências pertinentes a qualquer procedimento cirúrgico. Complicações sistêmicas como trombose de membros inferiores, tromboembolismo pulmonar, complicações pulmonares (SARA, etc.), infecções, entre outras, são bastante raras e sua ocorrência, felizmente, não costuma comprometer os resultados. Nestas eventualidades é fundamental manter a calma e conversar com seu médico que cuidará atentamente do seu caso.
A paciente não deve transmitir a existência destas intercorrências a seus amigos e familiares. Eles poderão deixá-la insegura, nada podendo fazer efetivamente para ajudá-la. Isto gera angústia dúvidas e insegurança. Continuar confiando no seu médico ainda é o melhor caminho e ele saberá como lhe ajudar, pois só ele sabe realmente como foi realizada sua cirurgia, em todos os seus detalhes.
As intercorrências podem interferir no resultado final em maior ou menor grau independente da técnica cirúrgica e da condução do tratamento das mesmas pelo cirurgião.
Habitualmente adotamos somente o ambiente hospitalar como local de cirurgia. Alguns deles dispõe de CTI. Os planos de saúde cobrem qualquer complicação cirúrgica, mesmo da cirurgia plástica.

Algumas Fotos de Pré e Pós Abdominoplastia





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