Na história das deformidades do mamilo e da aréola, esta incomum condição
patológica, também chamada de mama tubular, que afeta mais as mulheres jovens e nulíparas.
Esta deformidade pode ocorrer em uma ou ambas as mamas.
É geralmente caracterizada pela presença dos seguintes elementos
anatômicos: um anel de tecido fibroso e constritor na base da mama, localizado
abaixo da aréola, que provoca herniação do complexo aréolo-mamilar. Esta
deficiência do diâmetro da base mamária, geralmente ocorre nos 4 quadrantes,
nos níveis horizontal e vertical, e uma hipoplasia glandular.
Além de não permitir o correto desenvolvimento mamário durante a puberdade, impede o crescimento da mama, fazendo com que ocorra apenas o crescimento mamário em direção da aréola . Isso faz com que as mamas se tornem desproporcionalmente grandes e protuberantes, com formas cilíndricas e alongadas.
Além de não permitir o correto desenvolvimento mamário durante a puberdade, impede o crescimento da mama, fazendo com que ocorra apenas o crescimento mamário em direção da aréola . Isso faz com que as mamas se tornem desproporcionalmente grandes e protuberantes, com formas cilíndricas e alongadas.
A busca dos cirurgiões plásticos pelo aprimoramento da correção dessa
deformidade originou várias técnicas e manobras, sempre com o objetivo de
diminuir o diâmetro da aréola, baixar o sulco mamário para sua posição correta,
desfazer e tratar o anel fibroso e
reorganizar o tecido mamário no intuito de obter um formato “normal” das mamas.
Usualmente a cicatriz cirúrgica localiza-se ao redor da aréola.
Esta cirurgia deve ser feita por um cirurgião que conheça a técnica,
pois trata-se de um procedimento complexo, com técnicas diferentes das usadas
em mamas normais, pois é preciso corrigir a região fibrosa, ou seja, a cirurgia
somente de inclusão de implante de silicone não corrige satisfatoriamente o
formato dessa mama se não corrigir juntamente o tecido fibroso. Se a técnica
não for feita corretamente, é comum ocorrer recidivas.
É muito importante a manutenção desse anel, que servirá como um reforço
para evitar o alargamento da aréola e a recidiva da herniação.
Há duas décadas, as pacientes brasileiras preferiam mamas pequenas, mas
houve mudança considerável para a preferência por mamas grandes, onde
praticamente 100% dos casos necessitam da inclusão de implante de silicone para
corrigir a deficiência nos diâmetros da base mamária, nos níveis horizontal e
vertical. O suporte muscular na base é usado para dar maior sustentação, evitando
ptose da prótese, e proporcionando maior preenchimento do pólo inferior e
simetrização entre as mamas, impedindo que o bordo da prótese seja palpável.
A parte herniada é corrigida com camadas de tecido dérmico
desepidermizado, para redução do tamanho da aréola, baseado nos mesmos
princípios para correção de hérnias incisionais abdominais, conforme técnica de
Mayo, a qual sobrepõe as membranas herniadas. Essa sobreposição de retalhos é
fixada ao anel constritor, podendo ser no sentido cefálico para elevar o
mamilo, quando o mesmo está baixo, ou no sentido podálico, quando o mamilo está
alto, para aumentar a distância do pólo superior.
O tempo de recuperação e os cuidados pós-operatórios são basicamente os
mesmos da cirurgia de aumento das mamas (mamoplastia de aumento).
Sequência da técnica de Mayo para correção de hérnia incisional. |
Classificação
Segundo Grolleau, o grau de má-formação da mama tuberosa pode ser classificado em:
Segundo Grolleau, o grau de má-formação da mama tuberosa pode ser classificado em:
# Grau I
- Corresponde a 56% dos casos. A falta de desenvolvimento limita-se ao
quadrante ínfero-interno, a aréola encontra-se desviada para baixo e para
dentro, sendo o volume da mama normal ou hipertrófico;
# Grau II
- Corresponde a 26% dos casos. Os quadrantes inferiores são deficientes em seu
desenvolvimento e a aréola está desviada para baixo;
# Grau III - Corresponde a 18% dos casos. Todos
os quadrantes estão afetados e são deficientes; a base mamária encontra-se
retraída e a mama tem um aspecto de tubérculo caprino.
De acordo com Von Heimburg, há 4 tipos de má-formação, classificação
muito semelhante à anterior. A classificação de Von Heimburg, por sua vez, subdivide
o tipo II de Grolleau, sendo o tipo II com pele subareolar normal e o tipo III,
com deficiência de pele subareolar associada a hipoplasia parenquimatosa nos
quadrantes inferiores medial e lateral. O tipo I na classificação de Von
Heimburg equivale ao tipo I de
Grolleau e o tipo IV ao tipo III,
respectivamente.
Posteriormente,
preconizou-se uma definição objetiva de mama tuberosa, com utilização do índice
de Northwood. Esse índice baseia-se, exclusivamente, na herniação do parênquima
mamário através da aréola, como ponto fundamental no desenvolvimento da mama
tuberosa.
É calculado pela relação entre a medida da protrusão parenquimatosa
pela aréola (distância da ponta da papila ou mamilo à base da aréola, em
centímetros) e o diâmetro areolar (cm). O índice superior a 0,4 define uma mama
tuberosa, que pode ser classificada, em relação à gravidade, em leve (0,4 a
0,5), moderada (0,51 a 0,6) ou grave (0,61 a 0,7). A vantagem dessa classificação
em relação às mencionadas anteriormente é a objetividade na definição e na
graduação de mama tuberosa.
Demarcação e Técnica Cirúrgica
Existe algumas formas para se fazer a demarcação no corpo da paciente: com a paciente sentada ou em pé, mede-se a distância do antebraço, marcando-se o
seu meio, à qual se adicionam mais dois centímetros, resultando na distância do
mamilo até a fúrcula esternal, que geralmente forma com a fúrcula esternal e os
mamilos um triângulo equilátero de 18 cm, variando no máximo 1 cm para mais ou
para menos. Isso dará a localização do ponto A e indicará se o complexo
aréolo-mamilar deve subir ou descer.
Desenha-se uma nova aréola de 3 ou 4 cm de diâmetro, pois se sabe que
essa aréola terá tendência a aumentar, sendo o diâmetro excedente marcado. Marca-se, então, o novo
sulco submamário, que será 5 ou 6 cm a partir do mamilo. Marca-se, também, toda
a circunferência da base mamária. Na parte esternal, empurra-se a mama no
sentido medial e observa-se até onde vai o tecido glandular.
Redução Areolar |
Vídeo demonstrativo de Demarcação Pré Cirúrgica:
A seguir, o tecido areolar redundante, após marcação da nova aréola, é desepitelizado em toda a sua circunferência (1). Faz-se uma incisão hemi-areolar no pólo inferior, caso seja necessário descer ou subir o mamilo, a incisão deverá ser feita no pólo superior (2).
Esta incisão circunda
a nova aréola, e terá mais ou menos 1 cm de profundidade, muda de direção e
passa a ser oblíqua, quase horizontal no sentido superior ou inferior, formando
um retalho, que contém o novo complexo aréolo-mamilar (3).
(1) Desepidermização do Anel Areolar Redundante |
Fotos de Pacientes em Pré e Pós-Operatório Imediato e Tardio
A: Pré-operatório de mama tuberosa com pequeno aumento da aréola, não necessitando ressecção de pele. B: Pós-operatório de 2 anos com inclusão de prótese e com técnica de herniorrafia do tecido glandular.. Observamos a expansão simétrica do cone mamário e redução da projeção aréolo-glandular
A: Pré-operatório, vista anterior. B: Pós-operatório de 18 meses. Redução da aréola e inclusão de prótese
A: Pré-operatório, vista anterior. B: Pós-operatório de 4 anos. Redução areolar e inclusão de prótese de silicone. F: Pós-operatório decúbito dorsal (pós gestação de 1 ano).
Mais Fotos de Resultados Pós Cirurgia de Mama Tuberosa:
Discussão e Conclusão da Técnica Cirúrgica:
A recidiva da herniação da glândula pelo aumento do complexo
aréolo-mamilar é a complicação de maior incidência em implantes mamários de
mama tuberosa. Cabe ao cirurgião ter conhecimento neste tipo de caso específico.
Julga-se que a superposição de retalhos dermo-glandular, além de reduzir
o diâmetro da aréola, evita a recidiva da hérnia e facilita o reposicionamento
do mamilo para cima, quando baixo ou vice-versa. É muito importante que o anel
constritor peri-areolar se mantenha íntegro, para que o mesmo tenha uma ação de
retenção do tecido glandular dentro do cone mamário.
Partindo do princípio de que a herniação é consequente do não
desprendimento do tecido cutâneo da aponeurose do músculo peitoral maior e esse
tecido não foi distendido, observamos a curto prazo, no pós-operatório, que a
base da mama adquire formato cônico, acompanhando o contorno da prótese pelo
grande potencial de distensão do tecido glandular. Julga-se, então, não haver
necessidade de incisões, (como as nervuras de um guarda-chuva), técnica
preconizada por muitos autores de pesquisas científicas, pois essas vão deixar
a prótese muito próxima do tecido cutâneo e, consequentemente, a longo prazo, a
prótese torna-se aparente ou causa deformidades não estéticas.
Da mesma forma, é muito importante a não confecção de retalhos
glandulares, pois geralmente há uma hipoplasia glandular e esses retalhos serão
muito pequenos e ineficientes, deixando a prótese em posição descentralizada em
relação ao cone mamário e ao complexo aréolo-mamilar. Como o novo sulco mamário
inferior, com uso de prótese cada vez de maior volume, vai além da base da mama
preexistente, o uso do retalho parcial de músculo peitoral irá reforçar o pólo
inferior dessa mama, produzindo maior volume e uniformidade no contorno
mamário, além de evitar a ptose da prótese e lateralização externa da mesma,
impedindo que o bordo da prótese fique próximo ao tecido cutâneo e evitando que
o mesmo seja palpável.
Portanto, podemos concluir que os resultados observados nas fotos, em médio e longo prazo comprovam a
eficiência da técnica de inclusão de prótese e correção de tuberosidade,
evitando-se a lesão do anel constritor e, seguindo os princípios de uma
herniorrafia incisional, conforme técnica de Mayo, evitando a sua recidiva, o
aumento significativo do diâmetro da aréola e o alargamento da cicatriz peri-areolar.
Como é necessário fazer um novo sulco submamário e este está desprovido de
tecido glandular, o retalho muscular dá um maior forro e proteção para a
prótese, evitando a ptose da mesma e impedindo que a prótese se torne perceptível
à palpação. O músculo permite colocar uma prótese de maior volume conforme a
tendência atual, satisfazendo o desejo das pacientes.
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