O termo ginecomastia foi introduzido por Galen no 2º
século D.C e provém do grego “gyne” que significa mulher, e de “mastos” que
significa peito ou mamas. Portanto, peito feminino ou mamas com a forma
feminina.
Na prática clínica, o termo Ginecomastia é usado
para descrever o crescimento e desenvolvimento excessivo da glândula mamária
masculina, e não de gordura.
A ginecomastia é, por definição, uma condição
benigna, mas que pode ser um sinal de uma doença subjacente.
Foi definido também que o crescimento
“anormal” ou não-natural da gordura mamária é hoje classificado como
pseudoginecomastia, lipomastia ou falsa ginecomastia.
No
caso dos adolescentes e homens jovens, comumente a cirurgia está relacionada à ginecomastia
(aumento das mamas masculinas). Desta forma, a correção dos mamilos também é
muito importante nesses casos, porque os pacientes passam a limitar suas
atividades em decorrência da insatisfação com esta parte do corpo, tendo
vergonha, até mesmo, de tirar a camisa durante uma prática desportiva ou nas
férias em locais de sol e praia. Existe casos que o aréolas e mamilos são mais desenvolvidos e
precisam ser tratados, e em outros casos só há desenvolvimento das mamas sem
comprometimento nas aréolas e mamilos.
A ginecomastia aparece
inicialmente como um nódulo endurecido abaixo da aréola e de pequeno tamanho (de
0,5 cm a 2 cm), com crescimento gradual. Nesta fase, a dor costuma incomodar
bastante, causando muito desconforto ao simples toque.
Passados cerca de
4 semanas, a sensação dolorosa tende a desaparecer, mas a mama continua a
crescer ao longo de alguns meses. Depois há uma fase de estabilização da doença
e a maioria regride espontaneamente em até 12 a 18 meses. Em menos de 5% dos
casos a ginecomastia é persistente.
A prevalência da ginecomastia na adolescência
é comum, atingindo 2 em cada 3 rapazes. Pode ocorrer em qualquer idade, mas 40%
dos casos ocorrem, fisiologicamente, nas fases de mudanças hormonais dos
adolescentes entre os 14 e 15 anos. A incidência diminui
para 7% nos jovens entre os 17 anos.
Caracteriza-se por um crescimento
mamário frequentemente assimétrico, acompanhado de hipersensibilidade mamária.
É devido ao aumento fisiológico da concentração plasmática de estradiol em
relação à testosterona plasmática.
Habitualmente o tecido glandular tem menos
de 4cm e corresponde à mama feminina.
Clinicamente é subareolar, móvel, não aderente à pele nem a tecidos
subjacentes. É bilateral em 55% dos casos.
A macroginecomastia, macromastia ou
gigantomastia é definida por mamas maiores do que 5cm e de aspecto análogo à
mama feminina.
Na prática clínica, o caso mais típico é de
um adolescente saudável, obeso ou com excesso de peso. A ginecomastia é uma
fase transitória que na maioria desaparece em 12 a 18 meses de evolução. Se o
diâmetro for superior a 2cm, a regressão pode demorar até 2 anos. Ao fim de 2
anos pode persistir uma ginecomastia residual em uma ou em ambas as mamas por
fibrose em até 8% dos casos. A macroginecomastia, seja fisiológica ou
patológica, não regride espontaneamente, e por isso necessita de tratamento cirúrgico.
Quais são as causas?
A ginecomastia é
causada (de forma bastante simplificada) por um desequilíbrio hormonal no
organismo do homem. Suas origens podem ser classificadas segundo a sua
etiologia em: fisiológicas (ou seja, alterações do próprio organismo),
patológicas ou idiopáticas (desconhecidas).
1.) CAUSAS FISIOLÓGICAS
A ginecomastia fisiológica ocorre nos
recém-nascidos e infância, adolescentes na fase de puberdade e idosos. Porém,
causas orgânicas devem ser consideradas, em pacientes mais velhos.
A ginecomastia fisiológica acontece principalmente
em 3 períodos principais da vida do homem: logo após o nascimento, na
adolescência e na andropausa ou idade senil, sem nenhuma
patologia de base, na maior parte dos casos . A causa é
chamada de fisiológica porque não há um fator causal ou patologia de base
responsável pela ginecomastia, na maioria dos casos, como por exemplo, uma
doença ou medicamento, mas sim definida como um aumento
de volume da mama masculina na ausência de uma patologia e constitui uma
alteração no equilíbrio fisiológico (do próprio organismo) dos hormônios
esteroides e que são considerados normais para cada fase da vida.
Vale ressaltar que existem relatos, porém sem
comprovação científica de que alguns alimentos,
como a soja, grão de bico e feijão-frade,
são ricos em compostos similares ao estrogênio chamados fitoestrogênios.
Feijões de soja são usados para fazer vários produtos, tais como tofu, leite
de soja, leite fermentado de soja (Yakult®), e adicionados a alimentos
processados, como um material de enchimento ou texturizador. Dadas essas várias
formas de soja, as crianças comem muito mais frequentemente do que gerações
atrás. Alguns defensores da saúde notaram que o consumo aumentado de soja está
correlacionada com o aumento da ginecomastia visto em meninos e homens ao longo
dos últimos 10 anos. A carne vermelha, principalmente de frango e ovos, também
pode conter o aumento dos níveis hormonais devido a práticas agrícolas
modernas.
A.)
A Ginecomastia no
Recém-nascido.
No
recém nascido o aumento das mamas é muito comum e ocorre tempo depois do
nascimento de ambos os sexos. É causada pelos altos níveis de estradiol e
progesterona que passaram pela placenta da mãe para o bebê no final da gestação.
Apesar de ser uma situação que deixa os pais
bastante preocupados, este aumento mamário desaparece em poucas semanas e é
considerado fisiológico e autolimitado, uma vez que gradativamente os hormônios
maternos vão sendo eliminados pelo corpo do bebê.
Clinicamente alguns bebês vão apresentar um nódulo
endurecido abaixo da aréola enquanto outros, um aumento generalizado de todo o
parênquima mamário. Esta enfermidade pode ser unilateral, ou na maioria dos
casos, acometer as duas mamas (bilateral), e em alguns casos pode ser dolorosa ao
toque.
Tratamento: Não são
necessários tratamentos adicionais, sendo apenas indicado o acompanhamento de
rotina. Cabe ao pediatra tranquilizar os pais e nos casos em que a Ginecomastia
Neonatal causar dores, indicar compressas mornas na região para aliviar este sintoma.
A.) A Ginecomastia no Adolescente
A adolescência é
uma fase de muitas mudanças, tanto psicológicas quanto físicas, que culminam na
transformação do menino para o jovem. Nesta fase os testículos ainda são
imaturos e há extrema oscilação nos níveis hormonais do organismo, os quais
podem provocar a ginecomastia.
O crescimento glandular mamário no
adolescente ou jovem-adulto tem causa fisiológica, ou seja, normal do
organismo, e estão relacionadas com os
hormônios sexuais. Nesta fase de mudanças tão drásticas no corpo do
menino, há um aumento transitório nos níveis de estradiol (hormônio feminino)
em relação à testosterona (hormônio masculino), que estimulam os receptores
mamários levando ao seu crescimento e desenvolvimento.
Assim sendo, uma maior quantidade de
substrato ou um aumento na atividade enzimática podem aumentar as concentrações
de estrógenos e iniciar a cascata de desenvolvimento mamário nos homens.
A Ginecomastia é muito comum na adolescência,
atingindo 2 em cada 3 rapazes. Alguns estudos demonstram incidência ainda
maior, de cerca de 87% dos adolescentes. Se inicia por volta dos 14 anos de
idade e se caracteriza por um crescimento das mamas frequentemente assimétrico
e atinge as duas mamas em 55% dos casos.
Clinicamente, é possível observar a
enfermidade através da presença de uma massa de tecido mamário abaixo da
aréola, móvel e não aderida à pele e bastante dolorosa à palpação. Na prática
clínica o caso mais típico é de um adolescente saudável, obeso ou com excesso
de peso.
Tratamento: Na maioria dos casos o tratamento
é terapêutico com acompanhamento de rotina, que deve desaparecer em até 1 ano e
meio. Todavia, quando há impacto psicológico ou os sofrimentos de bullying, o
acompanhamento com um psicólogo e medicamentoso deve ser pode ser adiantado.
Outra base importante é através do tratamento
medicamentoso. Ele é indicado quando as dores não melhoram com o uso de
analgésicos comuns ou quando limitam atividades básicas do dia a dia do
adolescente. Estes medicamentos aceleram a regressão da ginecomastia e promovem
a melhora da dor em até 75% dos casos.
Em casos de ginecomastias maiores, chamadas de
macroginecomastia, sejam fisiológicas ou patológicas, que não regredirem
espontaneamente ou com medicamentos, serão necessários outros tratamentos, em
geral cirúrgicos.
• Classificações da Ginecomastia:
Diversas classificações
foram propostas para diferenciar a Ginecomastia. Histologicamente, utilizamos 2
classificações: uma histológica e outra clínica.
Classificação Histológica:
Em 1972, Bannayan
e Hajdu classificaram a ginecomastia em 3 tipos histológicos e esta
classificação é a mais usada:
# Tipo florido: é a forma ativa da ginecomastia, há intensa atividade proliferativa dos
tecidos mamários. Tem curta duração, geralmente inferior a 4 meses e é reversível ao tratar a causa subjacente
# Tipo fibroso: quando a evolução for superior a 1 ou 2 anos, ocorrem
modificações do quadro histológico com menor crescimento epitelial e aumento da
fibrose . É a forma inativa da ginecomastia, as alterações do
tecido mamário já se estabilizaram, com presença de fibrose. Mais comum após um
ano de duração. Esta fase fibrótica não é reversível, sendo
necessária a cirurgia para corrigir a ginecomastia.
# Tipo intermediário: é uma forma mista de ginecomastia, com áreas floridas e áreas
fibróticas. Encontrado entre 5 e 12 meses de duração.
Essa classificação
é útil para entendermos que apenas ginecomastias em atividade, ou seja, do tipo
florido ou intermediário terão resposta ao tratamento medicamentoso. Quando o
tempo de evolução da ginecomastia é maior que 1 ano, teremos grande parte do
tecido mamário do tipo fibroso, que não responde aos medicamentos, portanto o
tratamento é de indicação cirúrgica.
Classificação Clínica:
Para a
classificação clínica, a grande maioria da literatura médica mundial utiliza a
classificação proposta por Simon em 1973, devido a sua simplicidade de
reprodução e por sua correlação clínico-cirúrgica. Tipicamente, considera-se
uma classificação de quatro graus, que vai do mais leve, com uma hipertrofia
mínima e sem sobra de pele ao mais grave, com um volume superior a 500 gramas e
com ptose mamária acentuada.
• Graus da
Ginecomastia (Simon, 1973)
GRAU 1
Pacientes com grau 1 de Simon geralmente apresentam uma massa de glândula mamária abaixo da aréola
de não mais que 250g, sem sobra de pele, a qual fica saltada, principalmente
quando o mamilo se contrai. Este pequeno aumento do volume mamário já é capaz
de incomodar no uso de camisas justas, que ficam marcadas na região do mamilo.
Grau 1: Aumento leve de mama, sem excesso de pele. |
GRAU
2 (A E B)
No grau 2 a
quantidade de tecido mamário é maior, varia entre 250 a 500 gramas e não está
restrita apenas à região infra-areolar, acometendo boa parte do tórax. O que
diferencia o grau 2a do 2b é o excesso de pele. Nestes casos, o incômodo com a
aparência das mamas é maior que no tipo I, pois são facilmente percebidas mesmo
com roupa.
Grau
2A - aumento moderado da mama,
sem sobra de pele.
Grau
2B - aumento moderado da mama,
com excesso de pele.
Grau 2A: Aumento moderado da glândula, sem excesso de pele |
Grau 2B: Aumento exagerado da glândula, com excesso de pele. Vista pré e pós-operatória
GRAU 3
No grau 3 há um
grande aumento das mamas (maiores que 500 gramas), com excesso de pele
(ptosadas ou caídas). Nestes casos, a ginecomastia é muito aparente, difícil de
disfarçar e pode ocasionar impactos psicológicos desastrosos no homem.
Grau 3: Aumento da mama, incluindo celular subcutâneo e pele, sem aumento da glândula e ptose leve |
Grau 3: Aumento da mama, incluindo celular subcutâneo e pele, com ptose moderada |
Gigantomastia é o termo utilizado para definir as raras
hipertrofias mamárias gigantes, que ultrapassam os volumes convencionais e do
grau 3 de hipertrofia de Simon. Impossibilita a utilização de técnicas usuais
com o aproveitamento do pedículo vascular que nutre o complexo aréolo-papilar,
devido ao risco de dobra do pedículo com a possibilidade de sofrimento ou
necrose do complexo e com indicação de enxerto livre.
O que caracteriza a
gigantomastia: volume exagerado de mama; distância longa entre o terço medial
de clavícula e a borda do complexo areolar e a desproporção da glândula e o
restante do corpo, mesmo nos casos de obesidade mórbida.
Gigantomastia Masculina |
Abordagem
Diagnóstica
A avaliação diagnóstica permite orientar o paciente
quanto aos possíveis diagnósticos e as suas abordagens.
O paciente geralmente preocupa-se com essa dureza/tensão,
com o efeito cosmético e, sobretudo, a possibilidade da malignidade.
A dificuldade na abordagem da ginecomastia é
a diferenciação entre um aumento da gordura mamária (pseudoginecomastia) e um
aumento por proliferação glandular (ginecomastia verdadeira). Uma história
clínica completa e o exame físico muitas vezes são suficientes para o
diagnóstico.
Ao exame físico temos que posicionar o
paciente em posição supina ou em decúbito dorsal com os braços atrás da cabeça.
. Para determinar se é ginecomastia, devera-se apertar o tecido mamário entre o
dedo indicador e o polegar. Na ginecomastia verdadeira temos um disco
retroareolar firme e móvel. Nota-se a demarcação entre o tecido firme e a
gordura adjacente. A marca/característica da ginecomastia é a sua
concentricidade. Se uma massa excêntrica é encontrada, um diagnóstico
alternativo tem que ser considerado, além de uma mamografia ultrassonografia,
entre outros exames complementares.
As indicações para mamografia no homem incluem:
• Avaliação de massa palpável
• Episódio recente de aumento da mama,
• Mastalgia (dores
mamárias comuns que podem ser confundidas com câncer de mama)
• Manifestações
cutâneas do complexo areolomamilar ou escorrência mamilar
• Historia
prévia de cancro.
Quando a mamografia e o exame clínico excluem malignidade não é
necessário fazer biopsia.
No paciente não obeso, deve-se palpar pelo
menos 2cm de tecido mamário subareolar para definir/confirmar a ginecomastia.
Quando existem duvidas sobre a consistência do tecido, se é glandular ou
gorduroso, deve-se compara com a gordura do tecido adiposo na parte anterior ou
lateral das pregas axilares. Determinar as características da palpação, se o crescimento
é uni ou bilateral, se existe dureza ou escorrência mamilar com o aperto do
mamilo. Só são sinais de malignidade quando massas ou áreas locais apresentam
as seguintes características:
•Dureza
pétrea
•
Irregularidade dos contornos/bordos
•
Assimetria
•
Excentricidade
•
Ulceração
•
Imobilidade ou aderência aos planos profundos
•Escorrência
mamilar sanguinolenta
•
Adenopatias axilares.
Nos casos dos
adolescentes, deve-se considerar a ginecomastia fisiológica, que geralmente
aparece por volta dos 13-14 anos, e dura por volta de 6 meses e depois regride.
Devemos diferenciar a ginecomastia fisiológica das outras prováveis causas de
ginecomastia nessa idade, ou seja: síndrome de Klinefelter, atividade excessiva
da aromatase familiar ou esporádica, resistência aos andrógenos, tumor da
supra-renal ou testicular feminizante, hipertireoidismo e abuso de drogas
(especialmente marijuana, álcool, esteroides anabolizantes e opióides).
No adolescente ou no
adulto, com ginecomastia uni ou bilateral, dolorosa, hipersensível, com
história clínica e exame físico sem alterações, devemos medir os níveis β-HCG,
LH, testosterona e estradiol.
Os testes laboratoriais,
em indivíduos com ginecomastia assintomática sem história clínica sugestiva de
causa patológica subjacente, provavelmente não são necessários, e a avaliação
hormonal nestes casos mantém-se controversa.
Diagnóstico
Diferencial
A ginecomastia deverá
ser diferenciada dos seguintes diagnósticos:
-lipomas;
-neurofibromas;
-carcinoma da mama
-obesidade.
Os neurofibromas,
lipomas mamários e carcinomas são usualmente unilaterais, não dolorosos e
excêntricos.
Tratamento:
Quando o aumento
mamário é inferior a 4cm, o médico poderá esperar uma regressão espontânea da
ginecomastia
Tratamento
Clínico Medicamentoso - O tratamento clínico é indicado para os casos de
ginecomastia por transtornos hormonais ou suspensão de droga causadora da
patologia.
A terapia médica é
mais eficaz na ginecomastia de início recente, ou seja, ainda na fase ativa.
Vários tratamentos médicos foram estudados com vários graus de sucesso. Existem
3 tipos de medicação que oferecem sucesso no tratamento: os andrógenos (
Testosterona e Danazol), os inibidores da aromatase ( exemplo a Testolactona) e
os anti-estrógenos ( Tamoxifeno e Clomifeno)
Tratamento
Cirúrgico - O
tempo de evolução da ginecomastia é um dos principais fatores para decidir a
opção terapêutica adequada. A ginecomastia que persiste após 18 a 24 meses
provavelmente não regredirá espontaneamente e a terapia medicamentosa não
surtirá efeito. Em casos de ginecomastia fisiológica persistente, ou nos casos
com evolução superior a 18 meses, a opção terapêutica mais adequada é a
cirúrgica
Os 2 objetivos do
tratamento cirúrgico da ginecomastia são: restaurar o contorno normal da mama
masculina, e corrigir as deformidades da mama, mamilo e aréola com cicatriz
mínima.
A
técnica cirúrgica escolhida dependerá do grau e da classificação da
ginecomastia. As mais comuns são:
1 -
Exérese cirúrgica simples - indicadas nos casos de aumento mamário devido à
hipertrofia glandular.
2 -
Lipoaspiração simples - indicada nos casos de aumento exclusivo de tecido
adiposo.
3 -
Exérese cirúrgica associada com lipoaspiração e exérese de tecido glandular -
quando tivermos aumento de tecido adiposo e glandular.
4 -
Exérese cirúrgica com ressecção de pele - este é o tipo mais comum após
emagrecimentos. Indicado nos casos de ptose por excesso de pele e tecido
celular subcutâneo. Poderá
ser necessário deslocar o complexo aréolo-mamilar.
5 -
Exérese cirúrgica com excesso de glândula, tecido adiposo e pele - pode ser
encontrado em alguns casos de obesidade ou pós-emagrecimento por livre e
espontânea vontade ou pós-cirurgia bariátrica. Poderá ser necessário corrigir o
complexo aréolo-mamilar.
A
cirurgia é realizada sob anestesia local + sedação ou anestesia geral, e tem
duração entre 1 a 3 horas dependendo da classificação da Ginecomastia.
Tipos de Cirurgias
Quando o
volume mamário presente é de natureza puramente adiposa (lipomastia ou pseudoginecomastia),
é realizada uma lipoaspiração tradicional ou a laser.
Nos casos
de ginecomastia "verdadeira", ou seja, com a presença de componente
glandular, o tipo de tratamento cirúrgico dependerá do grau de hipertrofia da
glândula mamária e da quantidade de sobra de pele presente.
Em todos
os casos, pode-se, ou não, iniciar a cirurgia com lipoaspiração para retirada
do componente gorduroso e melhor isolamento da glândula. Veja os exemplos de
acordo com cada grau ginecomástico:
- Nas
fases 1 e 2a, em que não há sobra de pele, a retirada da glândula mamária pode
ser realizada através de uma incisão periareolar inferior de Webster.
- Na fase
2b, em que há moderada quantidade de glândula e sobra de pele, a cirurgia pode
ser feita através de uma incisão periareolar circular completa, por onde se
retira a glândula mamária e o excesso de pele. A cicatriz resultante fica em
torno da aréola.
- Na fase
3, em que há grandes excessos de pele e de glândula mamária, são necessárias
maiores ressecções de pele com cicatrizes resultantes em torno da aréola e do
sulco inframamário ou no tórax.
*Técnica Cirúrgica de Lipoaspiração:
Quando
o paciente apresenta lipomastia, ou seja, aumento do volume mamário de
componente apenas adiposo, a lipoaspiração é a técnica de escolha. Entretanto,
em todos os outros casos de ginecomastia verdadeira, ou seja, com presença de
tecido glandular mamário, a lipoaspiração pode ser indicada como parte do
procedimento, pois além de reduzir o volume da gordura das mamas, facilita a
dissecção cirúrgica e promove um retalho de pele mais regular.
*Técnica da Incisão Periareolar de Webster:
A incisão periareolar é uma
excelente via de acesso para o tratamento de ginecomastias pequenas, fase 1 ou
2a de Simon, em que não há excesso de pele, permitindo bom campo de visão para
o procedimento cirúrgico uma vez que a técnica permite a retirada de componente
mamário e não a retirada de pele, resultando em cicatrizes bastantes discretas,
em meia lua na parte inferior da aréola.
Durante o procedimento
cirúrgico, é realizado uma pequena incisão em torno de 3 a 4 cm na margem
inferior da aréola, por onde o tecido mamário é identificado, dissecado, descolado
e retirado. Em seguida dá-se o fechamento das incisões em três planos:
subcutâneo, subdérmico e intradérmico. A incisão também pode ser feita na
aréola completa (dependendo da indicação) para sua diminuição.
Paciente com Grau 2a. Incisão periareolar inferior. Pré e pós-operatório de 6 meses
Paciente com Grau 1. Pré e pós-operatório tardio com cicatriz pouco perceptível e redução do CAM
*Técnica da Incisão Periareolar com prolongamento medial e lateral (no tórax):
Esse
método cirúrgico permite retirar grandes quantidades de pele e glândula mamária
(ginecomastia grau 3 de Simon), com ptoses moderadas, onde a posição da aréola
não se encontra abaixo do sulco inframamário. É indicado para restaurar o
tamanho e contorno mamário adequado, melhorar o posicionamento e simetrização
da aréola além de restaurar o contorno anatômico do tórax masculino. Como
resultante final, o paciente obterá uma cicatriz circular periareolar e uma
extensão medial e lateral transtorácica.
O paciente
deve ser marcado em posição ortostática (de pé) por onde se definem a posição
correta da aréola e a quantidade de pele a ser retirada, que é na forma de um
losango. A cirurgia pode ser iniciada por lipoaspiração para retirada do
componente adiposo mamário, se houver.
Em
seguida é feita uma incisão circular em torno da aréola, a qual pode ter seu
tamanho reduzido, e outra incisão na região do losango. A área entre as duas
incisões é desepidermizada e é confeccionado um pedículo vertical para a
manutenção da vascularização do complexo aréolo-papilar. O tecido mamário é
identificado, dissecado e retirado. Logo após, dá-se o fechamento das incisões
e a resultante final é uma cicatriz em torno da aréola mais uma cicatriz
horizontal que passa medialmente e lateralmente a ela.
Resultado de Pós-operatório imediato da técnica por incisão circular, com prolongamento inferior, superior, lateral e medial. Fig.A: visão esquemática, Fig.B fotografia pós-operatória. |
Pré-operatório e resultado de Pós-operatório de recente de Grau3. Técnica por incisão circular, com prolongamento inferior, superior, lateral e medial. |
A: Marcação da técnica; B: Retirada da pele; C: Exérese da peça operatória; D: Sutura final; E: Pré-operatório de frente; F: Pós-operatório tardio de frente; G: Pré-operatório de perfil; H: Pós-operatório de perfil |
Técnica da Incisão Periareolar e Sulco Inframamário:
O
paciente é avaliado em posição ortostática (de pé), e são marcados o sulco
peitoral, a posição correta e simétrica que ficarão as aréolas e o excedente
cutâneo.
A
cirurgia, na maioria das vezes, é iniciada com lipoaspiração, por onde o
componente adiposo e o tecido mamário mais frouxo é retirado.
Logo em
seguida é confeccionado um pedículo inferior areolado por onde passam os vasos sanguíneos
nutridores da aréola. O excesso de pele e de glândula mamária são retirados e
em seguida é feito um novo orifício onde a aréola será fixada e suturada.
PÓS-OPERATÓRIO
No pós-operatório,
as regiões lipoaspiradas podem ficar doloridas, sensíveis ao toque, e com
equimose (áreas de coloração arroxeadas) que melhoram em cerca de 1 a 2
semanas. Um certo grau de sensibilidade é observado também na região das
aréolas, que pode perdurar por até alguns meses após a cirurgia. O paciente
pode voltar a dirigir em 20 dias do procedimento. Atividades físicas moderadas
como corridas leves, andar de bicicleta e treinos de musculação leves na
academia são liberados por volta de 1 mês, enquanto atividades físicas
intensas, a partir de 2 meses.
É muito
comum a formação de fibroses (excesso de tecido cicatricial) na região
lipoaspirada. A fibrose causa dor, sensação de repuxamento e restrição da
mobilidade. O melhor tratamento para fibrose é a terapia manual com mobilização
passiva, sem uso de óleos nem cremes. Vários estudos científicos provaram que o
uso do ultrassom nas fases iniciais da fibrose aumentam a fibrose devido o
grande estímulo, produzindo mais fibroblastos, miofibroblastos e consequente,
aumentando as fibras de colágeno.
O
processo total da cicatrização demora cerca de 6 meses a 1 ano, nesta fase as
cicatrizes podem apresentar uma coloração avermelhada ou bege escura
(dependendo da pele) e palpação endurecida. Após 6 a 12 meses do procedimento,
as cicatrizes se tornam mais claras e discretas. Problemas de cicatrização como
quelóides ou cicatrizes hipertróficas são inerentes da cicatrização de cada
indivíduo, e caso ocorram, devem ter seu tratamento instituído o mais precoce
possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário