quinta-feira, 8 de junho de 2017

Ginecomastia

O termo ginecomastia foi introduzido por Galen no 2º século D.C e provém do grego “gyne” que significa mulher, e de “mastos” que significa peito ou mamas. Portanto, peito feminino ou mamas com a forma feminina. 

Na prática clínica, o termo Ginecomastia é usado para descrever o crescimento e desenvolvimento excessivo da glândula mamária masculina, e não de gordura. 
A ginecomastia é, por definição, uma condição benigna, mas que pode ser um sinal de uma doença subjacente.
Foi definido também que o crescimento “anormal” ou não-natural da gordura mamária é hoje classificado como pseudoginecomastia, lipomastia ou falsa ginecomastia.
No caso dos adolescentes e homens jovens, comumente a cirurgia está relacionada à ginecomastia (aumento das mamas masculinas). Desta forma, a correção dos mamilos também é muito importante nesses casos, porque os pacientes passam a limitar suas atividades em decorrência da insatisfação com esta parte do corpo, tendo vergonha, até mesmo, de tirar a camisa durante uma prática desportiva ou nas férias em locais de sol e praia. Existe casos que o aréolas e mamilos são mais desenvolvidos e precisam ser tratados, e em outros casos só há desenvolvimento das mamas sem comprometimento nas aréolas e mamilos.



A ginecomastia aparece inicialmente como um nódulo endurecido abaixo da aréola e de pequeno tamanho (de 0,5 cm a 2 cm), com crescimento gradual. Nesta fase, a dor costuma incomodar bastante, causando muito desconforto ao simples toque.
Passados cerca de 4 semanas, a sensação dolorosa tende a desaparecer, mas a mama continua a crescer ao longo de alguns meses. Depois há uma fase de estabilização da doença e a maioria regride espontaneamente em até 12 a 18 meses. Em menos de 5% dos casos a ginecomastia é persistente.

A prevalência da ginecomastia na adolescência é comum, atingindo 2 em cada 3 rapazes. Pode ocorrer em qualquer idade, mas 40% dos casos ocorrem, fisiologicamente, nas fases de mudanças hormonais dos adolescentes entre os 14 e 15 anos. A incidência diminui para 7% nos jovens entre os 17 anos. 
Caracteriza-se por um crescimento mamário frequentemente assimétrico, acompanhado de hipersensibilidade mamária. É devido ao aumento fisiológico da concentração plasmática de estradiol em relação à testosterona plasmática. 

Habitualmente o tecido glandular tem menos de 4cm e corresponde à mama feminina. 
Clinicamente é subareolar, móvel, não aderente à pele nem a tecidos subjacentes. É bilateral em 55% dos casos. 

A macroginecomastia, macromastia ou gigantomastia é definida por mamas maiores do que 5cm e de aspecto análogo à mama feminina.

Na prática clínica, o caso mais típico é de um adolescente saudável, obeso ou com excesso de peso. A ginecomastia é uma fase transitória que na maioria desaparece em 12 a 18 meses de evolução. Se o diâmetro for superior a 2cm, a regressão pode demorar até 2 anos. Ao fim de 2 anos pode persistir uma ginecomastia residual em uma ou em ambas as mamas por fibrose em até 8% dos casos. A macroginecomastia, seja fisiológica ou patológica, não regride espontaneamente, e por isso necessita de tratamento cirúrgico.

Quais são as causas?

A ginecomastia é causada (de forma bastante simplificada) por um desequilíbrio hormonal no organismo do homem. Suas origens podem ser classificadas segundo a sua etiologia em: fisiológicas (ou seja, alterações do próprio organismo), patológicas ou idiopáticas (desconhecidas).


1.) CAUSAS FISIOLÓGICAS

A ginecomastia fisiológica ocorre nos recém-nascidos e infância, adolescentes na fase de puberdade e idosos. Porém, causas orgânicas devem ser consideradas, em pacientes mais velhos.

A ginecomastia fisiológica acontece principalmente em 3 períodos principais da vida do homem: logo após o nascimento, na adolescência e na andropausa ou idade senil, sem nenhuma patologia de base, na maior parte dos casos . A causa é chamada de fisiológica porque não há um fator causal ou patologia de base responsável pela ginecomastia, na maioria dos casos, como por exemplo, uma doença ou medicamento, mas sim definida como um aumento de volume da mama masculina na ausência de uma patologia e constitui uma alteração no equilíbrio fisiológico (do próprio organismo) dos hormônios esteroides e que são considerados normais para cada fase da vida.

Vale ressaltar que existem relatos, porém sem comprovação científica de que alguns alimentos, como a soja, grão de bico e feijão-frade, são ricos em compostos similares ao estrogênio chamados fitoestrogênios. Feijões de soja são usados ​​para fazer vários produtos, tais como tofu, leite de soja, leite fermentado de soja (Yakult®), e adicionados a alimentos processados, como um material de enchimento ou texturizador. Dadas essas várias formas de soja, as crianças comem muito mais frequentemente do que gerações atrás. Alguns defensores da saúde notaram que o consumo aumentado de soja está correlacionada com o aumento da ginecomastia visto em meninos e homens ao longo dos últimos 10 anos. A carne vermelha, principalmente de frango e ovos, também pode conter o aumento dos níveis hormonais devido a práticas agrícolas modernas.


A.)   A Ginecomastia no Recém-nascido.

No recém nascido o aumento das mamas é muito comum e ocorre tempo depois do nascimento de ambos os sexos. É causada pelos altos níveis de estradiol e progesterona que passaram pela placenta da mãe para o bebê no final da gestação.
Apesar de ser uma situação que deixa os pais bastante preocupados, este aumento mamário desaparece em poucas semanas e é considerado fisiológico e autolimitado, uma vez que gradativamente os hormônios maternos vão sendo eliminados pelo corpo do bebê.

Clinicamente alguns bebês vão apresentar um nódulo endurecido abaixo da aréola enquanto outros, um aumento generalizado de todo o parênquima mamário. Esta enfermidade pode ser unilateral, ou na maioria dos casos, acometer as duas mamas (bilateral), e em alguns casos pode ser dolorosa ao toque.

Tratamento: Não são necessários tratamentos adicionais, sendo apenas indicado o acompanhamento de rotina. Cabe ao pediatra tranquilizar os pais e nos casos em que a Ginecomastia Neonatal causar dores, indicar compressas mornas na região para aliviar este sintoma.


A.)  A Ginecomastia no Adolescente

A adolescência é uma fase de muitas mudanças, tanto psicológicas quanto físicas, que culminam na transformação do menino para o jovem. Nesta fase os testículos ainda são imaturos e há extrema oscilação nos níveis hormonais do organismo, os quais podem provocar a ginecomastia.

O crescimento glandular mamário no adolescente ou jovem-adulto tem causa fisiológica, ou seja, normal do organismo, e estão  relacionadas com os hormônios sexuais. Nesta fase de mudanças tão drásticas no corpo do menino, há um aumento transitório nos níveis de estradiol (hormônio feminino) em relação à testosterona (hormônio masculino), que estimulam os receptores mamários levando ao seu crescimento e desenvolvimento.

Assim sendo, uma maior quantidade de substrato ou um aumento na atividade enzimática podem aumentar as concentrações de estrógenos e iniciar a cascata de desenvolvimento mamário nos homens.


A Ginecomastia é muito comum na adolescência, atingindo 2 em cada 3 rapazes. Alguns estudos demonstram incidência ainda maior, de cerca de 87% dos adolescentes. Se inicia por volta dos 14 anos de idade e se caracteriza por um crescimento das mamas frequentemente assimétrico e atinge as duas mamas em 55% dos casos.

Clinicamente, é possível observar a enfermidade através da presença de uma massa de tecido mamário abaixo da aréola, móvel e não aderida à pele e bastante dolorosa à palpação. Na prática clínica o caso mais típico é de um adolescente saudável, obeso ou com excesso de peso.
Tratamento: Na maioria dos casos o tratamento é terapêutico com acompanhamento de rotina, que deve desaparecer em até 1 ano e meio. Todavia, quando há impacto psicológico ou os sofrimentos de bullying, o acompanhamento com um psicólogo e medicamentoso deve ser pode ser adiantado.
Outra base importante é através do tratamento medicamentoso. Ele é indicado quando as dores não melhoram com o uso de analgésicos comuns ou quando limitam atividades básicas do dia a dia do adolescente. Estes medicamentos aceleram a regressão da ginecomastia e promovem a melhora da dor em até 75% dos casos.

Em casos de ginecomastias maiores, chamadas de macroginecomastia, sejam fisiológicas ou patológicas, que não regredirem espontaneamente ou com medicamentos, serão necessários outros tratamentos, em geral cirúrgicos.

• Classificações da Ginecomastia:
Diversas classificações foram propostas para diferenciar a Ginecomastia. Histologicamente, utilizamos 2 classificações: uma histológica e outra clínica.

Classificação Histológica:

Em 1972, Bannayan e Hajdu classificaram a ginecomastia em 3 tipos histológicos e esta classificação é a mais usada:

# Tipo floridoé a forma ativa da ginecomastia, há intensa atividade proliferativa dos tecidos mamários. Tem curta duração, geralmente inferior a 4 meses e é reversível ao tratar a causa subjacente
# Tipo fibroso: quando a evolução for superior a 1 ou 2 anos, ocorrem modificações do quadro histológico com menor crescimento epitelial e aumento da fibrose . É a forma inativa da ginecomastia, as alterações do tecido mamário já se estabilizaram, com presença de fibrose. Mais comum após um ano de duração. Esta fase fibrótica não é reversível, sendo necessária a cirurgia para corrigir a ginecomastia.
# Tipo intermediário: é uma forma mista de ginecomastia, com áreas floridas e áreas fibróticas. Encontrado entre 5 e 12 meses de duração.
Essa classificação é útil para entendermos que apenas ginecomastias em atividade, ou seja, do tipo florido ou intermediário terão resposta ao tratamento medicamentoso. Quando o tempo de evolução da ginecomastia é maior que 1 ano, teremos grande parte do tecido mamário do tipo fibroso, que não responde aos medicamentos, portanto o tratamento é de indicação cirúrgica.

Classificação Clínica:

Para a classificação clínica, a grande maioria da literatura médica mundial utiliza a classificação proposta por Simon em 1973, devido a sua simplicidade de reprodução e por sua correlação clínico-cirúrgica. Tipicamente, considera-se uma classificação de quatro graus, que vai do mais leve, com uma hipertrofia mínima e sem sobra de pele ao mais grave, com um volume superior a 500 gramas e com ptose mamária acentuada.

• Graus da Ginecomastia (Simon, 1973)


GRAU 1

Pacientes com grau 1 de Simon geralmente apresentam uma massa de glândula mamária abaixo da aréola de não mais que 250g, sem sobra de pele, a qual fica saltada, principalmente quando o mamilo se contrai. Este pequeno aumento do volume mamário já é capaz de incomodar no uso de camisas justas, que ficam marcadas na região do mamilo.

Grau 1: Aumento leve de mama, sem excesso de pele.

GRAU 2 (A E B)

No grau 2 a quantidade de tecido mamário é maior, varia entre 250 a 500 gramas e não está restrita apenas à região infra-areolar, acometendo boa parte do tórax. O que diferencia o grau 2a do 2b é o excesso de pele. Nestes casos, o incômodo com a aparência das mamas é maior que no tipo I, pois são facilmente percebidas mesmo com roupa.
Grau 2A - aumento moderado da mama, sem sobra de pele.
Grau 2B - aumento moderado da mama, com excesso de pele.

Grau 2A: Aumento moderado da glândula, sem excesso de pele

Grau 2B: Aumento exagerado da glândula, com excesso de pele. Vista pré e pós-operatória

GRAU 3

No grau 3 há um grande aumento das mamas (maiores que 500 gramas), com excesso de pele (ptosadas ou caídas). Nestes casos, a ginecomastia é muito aparente, difícil de disfarçar e pode ocasionar impactos psicológicos desastrosos no homem.

Grau 3: Aumento da mama, incluindo celular subcutâneo e pele, sem aumento da glândula e ptose leve

Grau 3: Aumento da mama, incluindo celular subcutâneo e pele, com ptose moderada
Gigantomastia, Macroginecomasita ou Macromastia

Gigantomastia é o termo utilizado para definir as raras hipertrofias mamárias gigantes, que ultrapassam os volumes convencionais e do grau 3 de hipertrofia de Simon. Impossibilita a utilização de técnicas usuais com o aproveitamento do pedículo vascular que nutre o complexo aréolo-papilar, devido ao risco de dobra do pedículo com a possibilidade de sofrimento ou necrose do complexo e com indicação de enxerto livre.
O que caracteriza a gigantomastia: volume exagerado de mama; distância longa entre o terço medial de clavícula e a borda do complexo areolar e a desproporção da glândula e o restante do corpo, mesmo nos casos de obesidade mórbida.

Gigantomastia Masculina
Fig.A: Marcação do ponto "A"; Fig.B: Marcação dos 2 semicírculos areolares; Fig.C: Marcação dos 2 vetores equidistantes, unidos em formato de óvni; Fig.D: Incisar as marcações; Fig.E: Ressecção total; Fig.F: Peça operatória, 550g; Fig.G: Cicatriz final

Pré e pós-operatório frente/perfil de 1 ano.

C.)  A Ginecomastia Senil

A ginecomastia senil é devido às alterações endócrinas que decorrem com o envelhecimento: é um estado de hipogonadismo (as glândulas não produzem mais quantidade de hormônios suficientes) que ocorre em vários graus por volta dos 50 aos 69 anos, com incidência de 72%.
Há uma elevação proporcional dos níveis de estrógenos em relação aos andrógenos que consequentemente estimulam o tecido mamário masculino e provocam o crescimento do componente glandular e tecido adiposo.

Sugere-se que o aumento da aromatização periférica dos andrógenos em estrógenos está relacionado com o aumento da adiposidade que contribui para o aumento dos estrógenos circulantes e desse modo resulta na ginecomastia senil nos idosos.
O índice de massa corporal, que se calcula o peso divido pela altura elevada ao quadrado, parece estar relacionado com um aumento dos casos de ginecomastia. Em particular naqueles com um IMC superior a 25kg/m² (excesso de peso). A maioria dos idosos apresenta ginecomastia bilateral palpável, correlacionada com a quantidade de gordura corporal e, que não necessita de avaliação clínica sendo uma condição fisiológica relacionada com a idade.
Tratamento: A progressão desta enfermidade pode ser freada com o emagrecimento, atividades físicas moderadas e reposição hormonal em casos selecionados. A ginecomastia instalada, que não desaparece entre 12 e 18 meses, pode ter indicação cirúrgica. Essa indicação vai depender da avaliação do paciente e decisão médica.


     2.) CAUSAS PATOLÓGICAS:

A ginecomastia é chamada de patológica quando há um fator causador conhecido, como: doenças sistêmicas de base, tumores, uso de medicamentos específicos ou drogas que como efeitos colaterais provocam um desarranjo hormonal que culminam com o desenvolvimento anormal de mamas nos homens.
As causas patológicas são várias e podem se dividir em causas tumorais, não tumorais e medicamentosas, porém este artigo não irá detalhar as causas patológicas de forma mais profunda, destacando principalmente os casos mais comuns relacionados a ginecomastia.

O que provoca as causas patológicas?

Alguns antibióticos e uma lista enorme de substâncias para tratar a hipertensão e a gastrite têm efeito no crescimento das mamas em homens. Estudos também comprovam a relação entre o consumo de álcool e o uso de maconha e cocaína com a ginecomastia.
Atualmente, uma associação preocupante é o uso de anabolizantes e suplementos usados para alcançar a hipertrofia muscular e que desencadeariam a patologia.

Ginecomastias de causas não-tumorais:

Das causas não tumorais podemos citar a obesidade, a cirrose hepática, o hipertireoidismo, hipogonadismo (redução da função testicular), insuficiência renal e o eunuquismo como as origens mais comuns.

Ginecomastias de causas tumorais:

Podemos citar os tumores testiculares, tumores das células de Leydig, tumores das células de Sertoli, tumores germinativos e tumores não testiculares como os tumores de supra-renal, fígado e pulmão

Ginecomastias de causas Medicamentosas:

Podemos citar as ginecomastia medicamentosas relacionadas à ação estrogênica, por inibição da ação ou síndrome de testosterona e por aumento da síntese de estrógenos pelos testículos.

Ginecomastia Fisiológica
·  Ginecomastia do recém-nascido
·  Ginecomastia puberal
·  Ginecomastia do envelhecimento
Drogas relacionadas a Ginecomastia
·  Hormônios (andrógenos, HCG, estrógenos, GH)
· Antiandrógenos ou inibidores da síntese de andrógenos (ciproterona, flutamida)
·  Antibióticos (isoniazida, cetoconazol, metronidazol)
·  Antiulcerosos (cimetidina, omeprazol, ranitidina)
·  Quimioterápicos (agentes alquilantes)
·Drogas cardiovasculares (amiodarona, IECAs, digitoxina, nifedipina, reserpina, espironolactona, metioldopa, verapamil);
·Drogas psicoativas (diazepam, haloperidol, fenotiazinas, antidepressivos tricíclicos)
·  Outras drogas (álcool, anfetaminas, heroína, maconha)
Causas Endócrinas
·  Hipogonadismo primário (com lesão de células de Leydig)
·  Tireotoxicose
·  Defeitos do receptor androgênico
·  Aumento de atividade de aromatase
Doenças sistêmicas
·  Insuficiência renal crônica
·  Re-alimentação após período de inanição
Neoplasias
·  Tumor adrenal feminilizante
·  Tumor não-trofobástico secretor de HCG

Abordagem Diagnóstica

A avaliação diagnóstica permite orientar o paciente quanto aos possíveis diagnósticos e as suas abordagens.
O paciente geralmente preocupa-se com essa dureza/tensão, com o efeito cosmético e, sobretudo, a possibilidade da malignidade.
A dificuldade na abordagem da ginecomastia é a diferenciação entre um aumento da gordura mamária (pseudoginecomastia) e um aumento por proliferação glandular (ginecomastia verdadeira). Uma história clínica completa e o exame físico muitas vezes são suficientes para o diagnóstico.
Ao exame físico temos que posicionar o paciente em posição supina ou em decúbito dorsal com os braços atrás da cabeça. . Para determinar se é ginecomastia, devera-se apertar o tecido mamário entre o dedo indicador e o polegar. Na ginecomastia verdadeira temos um disco retroareolar firme e móvel. Nota-se a demarcação entre o tecido firme e a gordura adjacente. A marca/característica da ginecomastia é a sua concentricidade. Se uma massa excêntrica é encontrada, um diagnóstico alternativo tem que ser considerado, além de uma mamografia ultrassonografia, entre outros exames complementares.

As indicações para mamografia no homem incluem:
Avaliação de massa palpável
Episódio recente de aumento da mama,
Mastalgia (dores mamárias comuns que podem ser confundidas com câncer de mama)
Manifestações cutâneas do complexo areolomamilar ou escorrência mamilar
Historia prévia de cancro.

Quando a mamografia e o exame clínico excluem malignidade não é necessário fazer biopsia.

No paciente não obeso, deve-se palpar pelo menos 2cm de tecido mamário subareolar para definir/confirmar a ginecomastia. Quando existem duvidas sobre a consistência do tecido, se é glandular ou gorduroso, deve-se compara com a gordura do tecido adiposo na parte anterior ou lateral das pregas axilares. Determinar as características da palpação, se o crescimento é uni ou bilateral, se existe dureza ou escorrência mamilar com o aperto do mamilo. Só são sinais de malignidade quando massas ou áreas locais apresentam as seguintes características:

•Dureza pétrea
• Irregularidade dos contornos/bordos
• Assimetria
• Excentricidade
• Ulceração
• Imobilidade ou aderência aos planos profundos
•Escorrência mamilar sanguinolenta
• Adenopatias axilares.

Nos casos dos adolescentes, deve-se considerar a ginecomastia fisiológica, que geralmente aparece por volta dos 13-14 anos, e dura por volta de 6 meses e depois regride. Devemos diferenciar a ginecomastia fisiológica das outras prováveis causas de ginecomastia nessa idade, ou seja: síndrome de Klinefelter, atividade excessiva da aromatase familiar ou esporádica, resistência aos andrógenos, tumor da supra-renal ou testicular feminizante, hipertireoidismo e abuso de drogas (especialmente marijuana, álcool, esteroides anabolizantes e opióides).
No adolescente ou no adulto, com ginecomastia uni ou bilateral, dolorosa, hipersensível, com história clínica e exame físico sem alterações, devemos medir os níveis β-HCG, LH, testosterona e estradiol.
Os testes laboratoriais, em indivíduos com ginecomastia assintomática sem história clínica sugestiva de causa patológica subjacente, provavelmente não são necessários, e a avaliação hormonal nestes casos mantém-se controversa. 

Diagnóstico Diferencial

A ginecomastia deverá ser diferenciada dos seguintes diagnósticos:
-lipomas;
-neurofibromas;
-carcinoma da mama
-obesidade.
Os neurofibromas, lipomas mamários e carcinomas são usualmente unilaterais, não dolorosos e excêntricos. 

Tratamento:

Quando o aumento mamário é inferior a 4cm, o médico poderá esperar uma regressão espontânea da ginecomastia

Tratamento Clínico Medicamentoso - O tratamento clínico é indicado para os casos de ginecomastia por transtornos hormonais ou suspensão de droga causadora da patologia.
A terapia médica é mais eficaz na ginecomastia de início recente, ou seja, ainda na fase ativa. Vários tratamentos médicos foram estudados com vários graus de sucesso. Existem 3 tipos de medicação que oferecem sucesso no tratamento: os andrógenos ( Testosterona e Danazol), os inibidores da aromatase ( exemplo a Testolactona) e os anti-estrógenos ( Tamoxifeno e Clomifeno)

Tratamento Cirúrgico - O tempo de evolução da ginecomastia é um dos principais fatores para decidir a opção terapêutica adequada. A ginecomastia que persiste após 18 a 24 meses provavelmente não regredirá espontaneamente e a terapia medicamentosa não surtirá efeito. Em casos de ginecomastia fisiológica persistente, ou nos casos com evolução superior a 18 meses, a opção terapêutica mais adequada é a cirúrgica
Os 2 objetivos do tratamento cirúrgico da ginecomastia são: restaurar o contorno normal da mama masculina, e corrigir as deformidades da mama, mamilo e aréola com cicatriz mínima.

A técnica cirúrgica escolhida dependerá do grau e da classificação da ginecomastia. As mais comuns são:

1 - Exérese cirúrgica simples - indicadas nos casos de aumento mamário devido à hipertrofia glandular.
2 - Lipoaspiração simples - indicada nos casos de aumento exclusivo de tecido adiposo.
3 - Exérese cirúrgica associada com lipoaspiração e exérese de tecido glandular - quando tivermos aumento de tecido adiposo e glandular.
4 - Exérese cirúrgica com ressecção de pele - este é o tipo mais comum após emagrecimentos. Indicado nos casos de ptose por excesso de pele e tecido celular subcutâneo. Poderá ser necessário deslocar o complexo aréolo-mamilar.
5 - Exérese cirúrgica com excesso de glândula, tecido adiposo e pele - pode ser encontrado em alguns casos de obesidade ou pós-emagrecimento por livre e espontânea vontade ou pós-cirurgia bariátrica. Poderá ser necessário corrigir o complexo aréolo-mamilar.

A cirurgia é realizada sob anestesia local + sedação ou anestesia geral, e tem duração entre 1 a 3 horas dependendo da classificação da Ginecomastia.

Tipos de Cirurgias

Quando o volume mamário presente é de natureza puramente adiposa (lipomastia ou pseudoginecomastia), é realizada uma lipoaspiração tradicional ou a laser.
Nos casos de ginecomastia "verdadeira", ou seja, com a presença de componente glandular, o tipo de tratamento cirúrgico dependerá do grau de hipertrofia da glândula mamária e da quantidade de sobra de pele presente.
Em todos os casos, pode-se, ou não, iniciar a cirurgia com lipoaspiração para retirada do componente gorduroso e melhor isolamento da glândula. Veja os exemplos de acordo com cada grau ginecomástico:

- Nas fases 1 e 2a, em que não há sobra de pele, a retirada da glândula mamária pode ser realizada através de uma incisão periareolar inferior de Webster.
- Na fase 2b, em que há moderada quantidade de glândula e sobra de pele, a cirurgia pode ser feita através de uma incisão periareolar circular completa, por onde se retira a glândula mamária e o excesso de pele. A cicatriz resultante fica em torno da aréola.
- Na fase 3, em que há grandes excessos de pele e de glândula mamária, são necessárias maiores ressecções de pele com cicatrizes resultantes em torno da aréola e do sulco inframamário ou no tórax.

*Técnica Cirúrgica de Lipoaspiração:

Quando o paciente apresenta lipomastia, ou seja, aumento do volume mamário de componente apenas adiposo, a lipoaspiração é a técnica de escolha. Entretanto, em todos os outros casos de ginecomastia verdadeira, ou seja, com presença de tecido glandular mamário, a lipoaspiração pode ser indicada como parte do procedimento, pois além de reduzir o volume da gordura das mamas, facilita a dissecção cirúrgica e promove um retalho de pele mais regular.


*Técnica da Incisão Periareolar de Webster:








A incisão periareolar é uma excelente via de acesso para o tratamento de ginecomastias pequenas, fase 1 ou 2a de Simon, em que não há excesso de pele, permitindo bom campo de visão para o procedimento cirúrgico uma vez que a técnica permite a retirada de componente mamário e não a retirada de pele,  resultando em cicatrizes bastantes discretas, em meia lua na parte inferior da aréola.

Durante o procedimento cirúrgico, é realizado uma pequena incisão em torno de 3 a 4 cm na margem inferior da aréola, por onde o tecido mamário é identificado, dissecado, descolado e retirado. Em seguida dá-se o fechamento das incisões em três planos: subcutâneo, subdérmico e intradérmico. A incisão também pode ser feita na aréola completa (dependendo da indicação) para sua diminuição.

Paciente com Grau 2a. Incisão periareolar inferior. Pré e pós-operatório de 6 meses

Paciente com Grau 1. Pré e pós-operatório tardio com cicatriz pouco perceptível e redução do CAM

*Técnica da Incisão Periareolar com prolongamento medial e lateral (no tórax):

Esse método cirúrgico permite retirar grandes quantidades de pele e glândula mamária (ginecomastia grau 3 de Simon), com ptoses moderadas, onde a posição da aréola não se encontra abaixo do sulco inframamário. É indicado para restaurar o tamanho e contorno mamário adequado, melhorar o posicionamento e simetrização da aréola além de restaurar o contorno anatômico do tórax masculino. Como resultante final, o paciente obterá uma cicatriz circular periareolar e uma extensão medial e lateral transtorácica.
O paciente deve ser marcado em posição ortostática (de pé) por onde se definem a posição correta da aréola e a quantidade de pele a ser retirada, que é na forma de um losango. A cirurgia pode ser iniciada por lipoaspiração para retirada do componente adiposo mamário, se houver.
Em seguida é feita uma incisão circular em torno da aréola, a qual pode ter seu tamanho reduzido, e outra incisão na região do losango. A área entre as duas incisões é desepidermizada e é confeccionado um pedículo vertical para a manutenção da vascularização do complexo aréolo-papilar. O tecido mamário é identificado, dissecado e retirado. Logo após, dá-se o fechamento das incisões e a resultante final é uma cicatriz em torno da aréola mais uma cicatriz horizontal que passa medialmente e lateralmente a ela.


Resultado de Pós-operatório imediato da técnica por incisão circular, com prolongamento inferior, superior, lateral e medial. Fig.A: visão esquemática, Fig.B fotografia pós-operatória.

Pré-operatório e resultado de Pós-operatório de recente de Grau3. Técnica por incisão circular, com prolongamento inferior, superior, lateral e medial.

 A: Marcação da técnica; B: Retirada da pele; C: Exérese da peça operatória; D: Sutura final; E: Pré-operatório de frente; F: Pós-operatório tardio de frente; G: Pré-operatório de perfil; H: Pós-operatório de perfil
Técnica da Incisão Periareolar e Sulco Inframamário:




Paciente com grau de ginecomastia III, técnica por incisão periareolar circular com prolongamento inframamário. Em A, pré-operatório. Em B, pós-operatório de 6 meses.
O paciente é avaliado em posição ortostática (de pé), e são marcados o sulco peitoral, a posição correta e simétrica que ficarão as aréolas e o excedente cutâneo.
A cirurgia, na maioria das vezes, é iniciada com lipoaspiração, por onde o componente adiposo e o tecido mamário mais frouxo é retirado.
Logo em seguida é confeccionado um pedículo inferior areolado por onde passam os vasos sanguíneos nutridores da aréola. O excesso de pele e de glândula mamária são retirados e em seguida é feito um novo orifício onde a aréola será fixada e suturada.

PÓS-OPERATÓRIO

No pós-operatório, as regiões lipoaspiradas podem ficar doloridas, sensíveis ao toque, e com equimose (áreas de coloração arroxeadas) que melhoram em cerca de 1 a 2 semanas. Um certo grau de sensibilidade é observado também na região das aréolas, que pode perdurar por até alguns meses após a cirurgia. O paciente pode voltar a dirigir em 20 dias do procedimento. Atividades físicas moderadas como corridas leves, andar de bicicleta e treinos de musculação leves na academia são liberados por volta de 1 mês, enquanto atividades físicas intensas, a partir de 2 meses.

É muito comum a formação de fibroses (excesso de tecido cicatricial) na região lipoaspirada. A fibrose causa dor, sensação de repuxamento e restrição da mobilidade. O melhor tratamento para fibrose é a terapia manual com mobilização passiva, sem uso de óleos nem cremes. Vários estudos científicos provaram que o uso do ultrassom nas fases iniciais da fibrose aumentam a fibrose devido o grande estímulo, produzindo mais fibroblastos, miofibroblastos e consequente, aumentando as fibras de colágeno.


O processo total da cicatrização demora cerca de 6 meses a 1 ano, nesta fase as cicatrizes podem apresentar uma coloração avermelhada ou bege escura (dependendo da pele) e palpação endurecida. Após 6 a 12 meses do procedimento, as cicatrizes se tornam mais claras e discretas. Problemas de cicatrização como quelóides ou cicatrizes hipertróficas são inerentes da cicatrização de cada indivíduo, e caso ocorram, devem ter seu tratamento instituído o mais precoce possível.






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