Esse
procedimento corresponde à correção cirúrgica do lóbulo da orelha alargada ou
rasgada.
O lóbulo
da orelha é a porção mais inferior da orelha. É formado de um tecido
fibroadiposo e é desprovido de cartilagem.
Como não
apresenta cartilagem como o restante da orelha, o lóbulo pode facilmente
alargar, romper ou rasgar, dando origem a situação clínica denominada lóbulo
alargado, lóbulo com rompimento parcial (quando está presente a fenda, porém
sem divisão) e lóbulo com rompimento total ou bífido (quando está presente a
fenda, com separação total da fenda).
A causa
mais comum de lóbulo rasgado, bífido ou alargado, é devido o uso de brincos
muito pesados, traumas ou mesmo por uso de alargadores.
Na
atualidade, um motivo de consulta habitual, é devido a intenção de reparar as
deformidades residuais ocorridas no lóbulo da orelha.
Outro
fator a ser considerado como necessidade de reparação, é que o lóbulo da orelha
é uma região importantíssima na composição estética da orelha, e pela sua
posição, entre as estruturas da face, também é importante na harmonia facial.
Com a prática do uso de brincos, ocupa um papel de destaque ainda maior.
Outro
fator é a idade, que altera o formato, a largura e o comprimento do lóbulo, em
decorrência da flacidez dos tecidos.
Pode
ocorrer ainda a perda do volume, tornando-se emagrecido ou “murcho”, além da
formação de dobras ou rugas.
A correção
do lóbulo envelhecido pode ser realizada isoladamente ou em combinação com a
ritidoplastia (lifting facial).
As
cicatrizes serão estrategicamente posicionadas, e graças a isso, se tornam
pouco aparentes e bastante discretas.
O não
tratamento deve ser evitado, pois um lóbulo envelhecido diante de uma face bem
tratada causa estranheza, desarmonia facial e “denuncia” a idade real.
Em casos
de lóbulos murchos, pode ser necessário o uso de preenchedores, além da
cirurgia.
Indicações:
- Fendas
por enfraquecimento do tecido devido ao uso de adornos pesados
- Lóbulos
rompidos parcial ou totalmente crônicos
- Casos
congênitos
-
Rasgaduras traumáticas
- Sequela
por uso de alargadores ou dilatadores
- Fenda
por perda de colágeno e elastina no decorrer da idade.
Anestesia
e cirurgia:
Para este
procedimento, somente é necessário a anestesia local, podendo também ser
realizado em consultório, desde que em ambiente e materiais esterilizados.
A primeira
vista, a reparação de um lóbulo parece fácil, porém, muitos cirurgiões não
especialistas o reparam sem o conhecimento do comprometimento dos tecidos, e a
cicatrização pode não ficar ao agrado do paciente.
A
reparação se realiza colocando em prática várias técnicas de cirurgia plástica
para procurar alcançar não só um resultado firme e estético, mas também, que
permita o uso de um brinco simples, com peso moderado, sem que haja
comprometimento ou recidiva.
Dentre as
diversas técnicas cirúrgicas, a escolha dependerá do tipo de fenda existente,
parcial ou total, garantindo a menor chance de recidiva possível.
As
correções de fenda total poderão ser feitas com ou sem a preservação do
orifício do brinco. A fixação do lóbulo durante a intervenção é fundamental,
não importando a técnica usada, e pode ser improvisada com abaixador de língua,
o qual é posicionado sob o lóbulo e segurado pelo cirurgião auxiliar, dando
sustentação ao ato cirúrgico.
Portanto,
a lobuloplastia põe em prática o conhecimento sobre a cicatrização, o
comportamento dos tecidos e a técnica para cada caso cirúrgico em particular.
Tipos de
técnicas cirúrgicas para diferentes tipos de fendas:
Reparo do lóbulo da
orelha com fenda parcial
São três
as técnicas mais usadas para a fenda parcial. As técnicas com Punch, fechamento
direto e técnica de Reiter e Alford.
Uma
incisão é feita com uso de um bisturí
cilíndrico tipo Punch, um milímetro maior do que a
fenda. Este é posicionado perpendicularmente ao lóbulo, e em seu movimento de
rotação desepidermiza a fenda, desde a sua face anterior até o lado posterior,
ou seja, por toda a sua extensão. Deve-se tracionar a pele pela ponta do lóbulo
durante a ação do punch, o que resultará em uma incisão e consequente sutura
transversa em relação ao lóbulo. Desta forma, teremos maior segurança em
realizar novo orifício e menor probabilidade de recidiva. O mesmo deve ser
realizado seis meses após a completa cicatrização.
Pode-se
também reparar a fenda parcial utilizando o fechamento direto borda a borda,
indicado quando a abertura for maior que 4mm. Inicialmente, a fenda é
desepidermizada com bisturi o suficiente para ocorrer cicatrização adequada e
prevenir a inversão da cicatriz. Em seguida, sutura-se borda a borda com pontos
simples ou de colchoeiro (Donatti ou ponto em U), tanto na parte anterior
quanto na posterior, devendo-se ter cuidado para que o ponto não atravesse a
extensão da parede do lóbulo. Pode ser feita sutura com fio absorvível no
subcutâneo.
A terceira
opção para a correção da fenda parcial é a técnica de Reiter e Alford, também
chamada de “retalhos opostos paralelos”. Os retalhos criados possuem pedículos
junto à borda da fenda, um na parte anterior à direita e outro na parte
posterior do lóbulo à esquerda. Os retalhos são rodados como “portas de saloon”,
e cada um vai cobrir a área cruenta do outro ao serem suturados, fazendo com
que a fenda desapareça.
Reparo do lóbulo da
orelha com fenda total
A
dificuldade na correção é maior, pois há perda da margem inferior do lóbulo da
orelha.
Pode-se
optar por manter o orifício inicial ou não. Em ambas as possibilidades, para
evitar que ocorra inversão da cicatriz por retração, as técnicas como
Z-plastia, L-plastia ou retalho em V, que promovem eversão, são utilizadas para
corrigir o aspecto final da cicatriz.
Reparo do lobo da
orelha com fenda total sem preservar o orifício
Quando não
se deseja preservar o orifício do brinco, a técnica borda a borda ou lado a
lado, amplamente difundida, é provavelmente a mais utilizada em nosso meio,
sendo de fácil realização. Desde que o novo furo não esteja na linha da
cicatriz, a possibilidade de recidiva é pequena.
Consiste
em desepidermizar a fenda e fazer um ponto de reparo na extremidade inferior
ligando as pontas da fenda, o que orienta as suturas anterior e posterior,
evitando também desigualdade no novo contorno do lóbulo. Pontos de colchoeiro
verticais (em pé ou pontos em “U”) ou horizontais (deitados ou pontos Donatti),
que evertem as bordas da cicatriz, são utilizados para evitar a inversão da
mesma.
Porém
alguns autores dizem que um fechamento simples, direto ou que tem como
resultado um acabamento linear, condena o paciente a uma retração cicatricial
posterior muito evidente, com futuros riscos de recidiva ao colocar novamente
um brinco, por menor que ele seja, além do risco de deformidades.
Variações
foram criadas para evitar a inversão da cicatriz e dar maior consistência à
sutura do lóbulo.
Tromovitch
et al.
descreveram a zetaplastia
realizada na total espessura do lóbulo no seu sentido ântero-posterior. Podemos
optar também pela zetaplastia feita apenas na parte anterior do lóbulo, sendo a
parte posterior suturada com fechamento direto, técnica descrita por Reiter e
Alford.
Reparo do lóbulo da
orelha com fenda total preservando o orifício
Na técnica
de Pardue as bordas da fenda são excisadas, e a epiderme da parte
superior do orifício de um dos lados é preservada. Cria-se um retalho com esta
porção e este é rodado como um caracol em direção ao lado oposto e então
suturado com fio de nylon através de ponto interno pela derme da sua
extremidade inferior no canto cruento do antigo orifício, formando-se assim um
novo orifício. O fechamento das pontas é feito por sutura simples desde a face
anterior do lobo até a posterior.
Proposta de nova técnica
Os autores
têm executado a técnica, que foi denominada Pardue modificada, com bons
resultados, tanto estéticos quanto de sustentação do novo orifício, e sem
recidiva.
Confeccionamos
o retalho da mesma forma, porém a parte interna do antigo orifício do brinco e
a face posterior do retalho são desepidermizados, sendo conservada apenas a
pele da porção anterior do retalho.
Ao ser
suturado pela derme da extremidade do retalho no ângulo cruento do antigo furo,
ele é rodado e ao mesmo tempo torcido; assim a epiderme da face anterior do
retalho passa a ser a parte interna do novo orifício, formando um orifício
justo e, consequentemente, mais resistente ao apoio do brinco.
Considerações
Finais das Técnicas Cirúrgicas
Na escolha
da melhor opção para correção do lóbulo de orelha partido, devemos considerar
todos os fatores que irão influenciar o resultado final, como tamanho do
lóbulo, tipo de fenda (parcial ou completa), número de orifícios já existentes
e tendência a cicatrizes inestéticas.
Frente às
possibilidades técnicas, optamos por aquela que deixará o lóbulo mais parecido
com o original, com forma arredondada e não pontuda, e orifício centrado. O
importante é escolher a técnica mais adequada a cada caso e que permita as
menores chances de recidiva.
A
princípio, as técnicas que não preservam o orifício parecem mais seguras,
porém, ao utilizarmos a técnica de Pardue modificada, obtemos, além das vantagens
da manutenção do orifício, maior segurança ao apoio do brinco, menor chance de
recidiva e ainda aspecto estético satisfatório.
O Pós
Operatório
Ao
finalizar o procedimento, que leva em torno de 1 hora, é colocado curativos
para assegurar o fechamento e a compressão da área suturada.
O
procedimento não afeta um pronto retorno ao trabalho, nem a vida social.
Os pontos
serão retirados por volta de 7 a 10 dias.
Pode-se
realizar atividades desportivas depois da retirada dos pontos, desde que a
ferida esteja bem cicatrizada.
Deve-se
evitar a exposição ao sol por pelo menos 30 dias.
A
cicatrização só fica completa depois dos 45 dias a 2 meses, com os cuidados necessários.
Pode usar
brincos de pressão por um período de 3 meses, e após esse período, pode-se
fazer um novo furo, lembrando de não furar no mesmo lugar da correção, e
somente brinco de metal precioso por uns 6 meses.
O
resultado definitivo só é considerado entre 6 a 9 meses, quando a cicatriz já
está mais clara e praticamente imperceptível.
Não existe
um peso padrão para os novos acessórios, pois cada lóbuo é diferente do outro,
ou seja, cada qual aceita um peso maior ou menor que outros. Porém, a partir do
momento que a pessoa sentir que a orelha está sendo puxada para baixo, é
aconselhável trocar o brinco por um mais leve.
Alguns
resultados de lobuloplastia:
Nenhum comentário:
Postar um comentário